Fundada há 75 anos, a Santa Casa de Fernandópolis enfrentou inúmeros desafios, chegando próximo ao encerramento de suas atividades, colocando em risco a assistência a uma população regional de quase 120 mil habitantes. Até meados de 2019, o complexo hospitalar seguia os princípios assistenciais das Misericórdias, mas por meio de novas estratégias, o hospital não apenas sobreviveu à pandemia global do covid-19, mas, também, incorporou um outro formato de gestão empresarial no setor da saúde.
Com os problemas já existentes, a chegada do covid-19 trouxe empecilhos para a saúde pública e para a economia. A pandemia modificou hábitos, paralisou postos de trabalho e evidenciou a importância do setor da saúde. Hospitais públicos, já sucateados, precisaram se reinventar. No período, as dívidas da Santa Casa chegaram, aproximadamente, a R$ 62 milhões. A contratação de mão de obra, insumos para o tratamento hospitalar e leitos de terapia intensiva são alguns dos responsáveis. Segundo estudo realizado pela Planisa, empresa em soluções de gestão de saúde, em sete hospitais brasileiros de referência para atendimento Covid-19, a média diária de custo de um leito de UTI chegou a R$ 2.234,00, extrapolando o valor pago pelo governo de R$ 1.600,00 (durante a crise) que é destinado às Santas Casas. Confira o estudo completo da Planisa.
Conquista no segmento da saúde
Recentemente, o juiz da 3ª Vara Cível de Fernandópolis, Renato Soares de Melo Filho, homologou o pedido de recuperação judicial realizado pela instituição. “A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica, concluindo-se que, de fato, o instrumento jurídico é adequado à situação da requerente”, despachou o juiz.
A concessão da recuperação judicial ao hospital representa uma decisão importante no âmbito da saúde e filantropia, dado que normalmente essa medida é adotada por empresas privadas que enfrentam desafios financeiros.
De irmandade a complexo empresarial: a nova experiência hospitalar
A transformação foi impulsionada por mudanças gerenciais implementadas pelo atual provedor e gestor, Marcus Chaer, desde dezembro de 2019. A integração de setores como auditoria e financeiro e a implantação de mecanismos de combate à corrupção nas compras e contratações possibilitaram uma redução da dívida de mais de 10 milhões, ou seja, quase 20% do total. Além disso, em 2021, a Santa Casa registrou um superávit de R$ 635 mil, após mais de 12 anos seguidos de déficits financeiros. Confira o balanço patrimonial completo da Santa Casa de Fernandópolis referente a 2021. A profissionalização do processo de recrutamento e a criação do Departamento de Compliance também contribuíram para melhorar a eficiência e transparência da instituição, garantindo contratações baseadas em mérito e a conformidade com leis e regulamentos.
Para Chaer, a Santa Casa enfrentou desafios que pareciam insuperáveis, mas com determinação, inovação e trabalho árduo, transformou sua crise em uma oportunidade de crescimento e renovação. “Em meio a desafios, optamos por prosperar. Com mudanças gerenciais inovadoras, nossa equipe assegurou a continuidade das operações, protegendo empregos e cumprindo a missão de promover assistência à saúde, tornando-se referência para outras instituições”.
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