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Redes sociais impulsionam “boom” de tatuagens no rosto

Internautas investem em tatuagens inspiradas em filtros e influenciadores

O ato de ter o rosto tatuado, antes reservado a membros de tribos e gangues, está virando “lugar comum” na pele da nova geração de tatuados. Encorajados por celebridades de vários segmentos – de esportistas a rappers, passando por influenciadores digitais – o que já foi considerado “extremo” entre os próprios fãs de tattoos, hoje está na cara daqueles que buscam atenção dentro e fora das redes sociais.

Na era das selfies, as tatuagens faciais estão no centro das atenções. Autor do fenômeno que gerou mais de 200 milhões de impressões em uma semana, o gaúcho Jeferson Araujo resolveu levar o que já estava estampado no rosto de diversas celebridades para um filtro do Instagram, desenhando no rosto e no pescoço dos usuários tattoos de estilo tradicional americano.

Com o sucesso do filtro, ​​Jeferson se deparou com uma nova versão de sua criação: pessoas tatuando de verdade seu desenho virtual. Uma delas é Ana Carolina Mainente, de 25 anos, moradora de Itu, em São Paulo. Ela contou à revista Marie Claire que gostou tanto do que viu por meio do filtro, que decidiu tatuar de verdade a mesma borboleta no pescoço. “Eu que não gostava de tatuagem na cara, agora também estou querendo fazer uma”, admitiu.

“Muitos querem exibir um visual rebelde, então a única coisa que pode chegar em primeiro plano são as tatuagens faciais; elas podem dar um apelo subversivo com referências artísticas ou de espírito livre”, analisou Anna Felicity Friedman, administradora do site Tattoo Historian, em entrevista publicada no Medium.

Vem daí adeptos como Post Malone, que soma 14 tatuagens só no rosto, e Justin Bieber, que tem uma pequena cruz abaixo do olho e a palavra ‘graça’ acima de uma das sobrancelhas. A extensa lista inclui também as cantoras Cardi B, Halsey e Kehlani, a modelo Amber Rose, que tem os nomes dos dois filhos tatuados na testa, e alguns pioneiros do movimento como o lutador Mike Tyson e o músico Travis Barker.

No Brasil, o funkeiro MC Guimê foi um dos primeiros da nova geração a aderir à moda, com palavras e estrelas tatuadas no rosto. Também entraram na onda o humorista Whindersson Nunes, o sertanejo Gustavo Lima, MC Daniel e Tati Zaqui, todos com milhões de seguidores nas redes sociais.

Mas nem só de rebeldia vive a tattoo facial: segundo o The New York Times, em 2023, são as tatuagens que imitam sardas, também inspiradas em filtros, as novas “queridinhas” dos internautas. “Nos últimos anos, a ascensão do TikTok e a abertura dos influenciadores que realizam trabalhos cosméticos reforçaram ainda mais procedimentos como tatuagens de sardas para um público maior”, publicou.

Segundo o tatuador Julio Casagrande, do Tattoo You, um dos estúdios mais antigos da cidade, a tendência chega acompanhada de uma outra novidade. “Antigamente, alguém só tatuava o rosto depois de muitas tattoos pelo corpo; hoje, tem gente fazendo sua primeira tatuagem em lugares extremamente visíveis como face, pescoço e mãos”, conta.

Depois de tatuar como convidado em estúdios da França, Finlândia e Suíça, Julio observou uma constante. “Aqui ou na Europa, são os mais jovens que chegam determinados a fazer tatuagens faciais”, diz. “A maioria motivada pelo visual das celebridades e pelo desejo de atenção nas redes sociais”, conta.

Lembrando que no Brasil é proibida a realização de tatuagem em menores de idade, exceto quando autorizados pelos pais ou representantes legais.

O Brasil ocupa a nona posição entre as nações mais tatuadas do mundo, como aponta o centro de pesquisa Dalia. O país tem mais de 30% da população tatuada, sendo que 75% possui mais de uma tattoo na pele, publicou a Dinamus Comunicação.