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Inca pede para evitar adoçantes artificiais devido ao potencial cancerígeno

Após a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de incluir o aspartame no grupo de substâncias “possivelmente cancerígenas”, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) emitiu um comunicado recomendando a população a evitar o consumo desse adoçante artificial.

A OMS baseou sua decisão em um estudo de 2013, que mostrou que o aspartame pode causar câncer em ratos. No entanto, o estudo não foi realizado em humanos e os cientistas não estão certos se os resultados podem ser aplicados a nós.

O Inca afirmou que, embora a OMS tenha considerado que o aspartame ainda é seguro quando ingerido dentro do limite diário de 40 mg por kg de peso corporal, é melhor evitá-lo.

O aspartame é um adoçante artificial que é usado em muitos alimentos e bebidas dietéticas. É 200 vezes mais doce que o açúcar e não contém calorias.

No entanto, o aspartame também foi associado a uma série de outros problemas de saúde, incluindo dores de cabeça, náuseas, vômitos e problemas digestivos.

Se você está preocupado com a segurança do aspartame, o Inca recomenda que você evite alimentos e bebidas que o contenham. Existem muitas outras maneiras de reduzir o consumo de açúcar, como usar adoçantes naturais ou simplesmente comer menos alimentos processados.

“Considerando a atual classificação do aspartame pela Iarc (agência da OMS) como possível carcinógeno para humanos; considerando também as evidências científicas que apontam que o consumo de bebidas adoçadas com adoçantes artificiais não colaboram para o controle da obesidade (…), o INCA aconselha à população geral evitar o consumo de qualquer tipo de adoçante artificial e adotar uma alimentação saudável, ou seja, baseada em alimentos in natura e minimamente processados e limitada em alimentos ultraprocessados”, diz nota técnica do Instituto.

O Inca cita ainda que a análise da agência da OMS responsável por avaliar o potencial cancerígeno do aspartame envolveu estudos de “alta qualidade” que observaram “associações positivas entre o consumo de bebidas adoçadas artificialmente e a incidência de câncer ou a mortalidade por câncer”.

Diz ainda que, diante do “aumento dramático da exposição da população a esses agentes, coincidindo com o aumento da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), é imperioso avaliar com cautela a utilização dessa substância”.

Além disso, menciona um grande trabalho sobre o tema, o NutriNet-Santé, que “demonstrou claramente maior risco de câncer em geral e câncer de mama naqueles que consumiam maiores quantidades de adoçantes artificiais totais e, em particular de aspartame, em comparação com os não consumidores”.

Por isso, reforça que o famoso edulcorante deve sim ser evitado, e que a melhor alternativa é consumir alimentos sem a adição extra de açúcares ou adoçantes e que não envolvam as fórmulas em sua composição.

Entenda a decisão da OMS sobre o aspartame

A inclusão do aspartame na lista de “possivelmente cancerígeno” foi realizada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês), braço da OMS responsável por avaliar a capacidade de um determinado agente, independentemente da sua dosagem, causar câncer. O órgão disse ter analisado três grandes estudos que relacionaram o aspartame a um maior risco para um tipo de câncer de fígado, porém de forma limitada.

Ainda assim, o que poderia repercutir na prática para a indústria é a avaliação de risco feita pelo Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da OMS e da Organização para Agricultura e Alimentação (JECFA, da sigla em inglês). É ele que estabelece, por exemplo, alterações no limite considerado seguro com base na exposição à substância na vida real.

O JECFA, ao analisar as evidências, decidiu que elas não são suficientes para sugerir um potencial risco do aspartame dentro da quantidade limite já orientada pelo Comitê desde 1981, de até 40 mg por kg a cada dia. O limite é alto: para uma pessoa de 70 kg, por exemplo, seria de até 2.800 mg do adoçante, enquanto uma lata de 350 ml de refrigerante zero açúcar costuma ter apenas 42 mg.

Por isso, a decisão não deve impactar a indústria de alimentos e de bebidas. Grandes associações internacionais, como a Internacional de Adoçantes (ISA, da sigla em inglês), o Conselho Internacional de Associações de Bebidas (ICBA) e a Associação Brasileira de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), já declararam que a conclusão do JECFA é positiva e garante a segurança do aspartame em seus produtos, quando consumido dentro do limite.

Além disso, a Anvisa também emitiu um comunicado sobre o tema, em que reforça a ausência de risco no consumo do cotidiano e explica que a permissão para o uso dos adoçantes no Brasil, feita pela agência, “é realizada com base nas diretrizes do FAO e da OMS, que se mantiveram as mesmas”.

“Até o momento, não há alteração do perfil de segurança para o consumo do aspartame, de modo que a Anvisa seguirá acompanhando atentamente os avanços da ciência a respeito do tema”, diz, e complementa: “existe um consenso entre diversos comitês internacionais considerando o aspartame seguro, quando consumido dentro da ingestão diária aceitável”.D

De O Globo.