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Vinícolas argentinas têm pior colheita em 30 anos

Produção de Malbec, variedade símbolo da produção de vinhos do país, teve queda de 4,7%; especialista explica qual a relação da queda na quantidade e qualidade da produção de uvas com as alterações climáticas

A Argentina, um dos grandes produtores mundiais de vinho, passa pela pior colheita de uvas em 30 anos, segundo informações da AFP divulgadas pelo Uol Notícias. Eventos climáticos desfavoráveis, como geadas, granizo e secas, afetaram a produção de vinícolas em todo o país.

A província de Mendoza é responsável por 70% da produção de uvas e 78% da produção de vinhos da Argentina. De acordo com o Instituto Nacional de Vitivinicultura da Argentina (INV), a província de Mendoza tem a maior quantidade de uvas Malbec do país, com 39.463 hectares plantados em 2022.  O Malbec é, segundo o Instituto, a “variedade emblemática da produção vitivinícola argentina”.

A apuração da AFP mostrou que a vinícola de Monteviejo, por exemplo, que fica na região de Mendoza, estimou uma perda de 50% da colheita devido ao fato de parte da produção estar protegida por telas antigeadas. Outras vinícolas podem ter perdas totais da produção.

“O clima desempenha um papel crucial na vitivinicultura. Variações climáticas podem afetar significativamente o crescimento da videira e a qualidade da uva, como, por exemplo, a temperatura, a precipitação e a incidência de luz solar”, explica Brunno Magnavita, fundador da Elite Vinho. Oscilações na temperatura são responsáveis por mudar o teor de açúcar e acidez das uvas, enquanto excesso ou falta de chuvas pode diluir ou concentrar o sabor.

Os produtores precisam se adaptar às variações climáticas para tentar reduzir os impactos na produção. A anormalidade de alguns eventos, como geadas acontecendo antes ou depois do previsto, também afeta a colheita, resultando nos impactos noticiados em março pelo UOL.

“Geadas tardias, como algumas que aconteceram este ano na Argentina, podem danificar videiras e reduzir as colheitas”, exemplifica Magnavita. Todas essas variações climáticas alteram características das uvas que, consequentemente, afetam características do vinho feito com elas e, potencialmente, sua qualidade, explica o enólogo.

A redução quantitativa na produção argentina preocupa tanto quanto as alterações na qualidade. Segundo as informações da AFP, as estimativas do começo deste ano indicavam a menor colheita em 27 anos: abaixo de 1,54 milhão de toneladas de uva. “A combinação de fenômenos climáticos adversos, como secas prolongadas seguidas de chuvas irregulares e geadas inesperadas, afetou drasticamente a colheita. Estas condições resultaram em rendimentos mais baixos e desafios na manutenção da qualidade das uvas”, resume Magnavita.

O informe deste ano do INV argentino indicou que a produção total de uva do país em 2022 foi 12,9% menor e que a produção da variedade Malbec caiu 4,7%. A redução da produção de uma variedade tão representativa do país é um sinal do quanto as mudanças climáticas estão afetando a vinicultura, aponta Magnavita.

“É importante destacar a necessidade de práticas sustentáveis e adaptativas na viticultura para enfrentar as mudanças climáticas. Investimentos em pesquisa, como o desenvolvimento de variedades de uvas mais resistentes a condições climáticas extremas, e a adoção de tecnologias para um manejo mais eficiente da água e do solo, são fundamentais”, finaliza o profissional, lembrando que a produção de vinho é, também, um indicador das condições ambientais e climáticas de uma região.

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