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Área da saúde exige cadeia de suprimentos inteligente

Prazo de validade e cuidados com o desabastecimento são os principais desafios do setor

A cadeia de suprimentos na área da saúde, também chamada de supply chain, tem por definição a integração dos processos operacionais que se iniciam no fornecedor primário, em sua maioria a indústria, e terminam no usuário final, que é o consumidor/paciente. Mas para que esse processo aconteça de forma ordenada, sem desperdícios, no menor tempo possível e sem riscos de desabastecimento, é preciso que haja um cuidado especial com diversas questões.

A área logística tornou-se crucial para a sobrevivência de qualquer empresa, independentemente do ramo. E quando se olha para a esfera da saúde, a história é ainda mais importante. Segundo dados da Anvisa, a importação de insumos médicos cresceu 193,5% durante o primeiro trimestre de 2020, claro, alavancado pela pandemia. Mas isso ajudou a tornar essas importações mais corriqueiras, por uma série de fatores.

Para o especialista na gestão de compras de insumos para saúde Anderson Campos, o “novo normal” da área de supply chain que atende players da área da saúde atende a alguns pré-requisitos essenciais:

– Cadeia fria: Quando se fala em compra de medicamentos, é preciso analisar toda cadeia. Existem normas que precisam ser cumpridas a fim de garantir a qualidade dos medicamentos preservando suas propriedades físico-química. O profissional do supply chain, precisa ter fornecedores parceiros que tenham expertise no segmento de armazenagem e distribuição afim de que sejam atendidas todas as regulamentações através de um atendimento preciso para o consumidor final.

– Modelos de entrega: O transporte e o acondicionamento de medicamentos exigem um controle minucioso de temperatura. É essencial investir em treinamentos dos profissionais para este fim e para que as embalagens permaneçam íntegras durante o traslado.

– Digitalização da cadeia de suprimentos: Atualizar os processos internos e investir em soluções tecnológicas garantem competitividade e cumprimento de prazos por parte do setor logístico. É preciso ter a visibilidade em tempo real de tudo que está acontecendo com a entrega e, claro, contar com mão-de-obra qualificada para gerir essa tecnologia.

– Sustentabilidade do processo: Há a obrigatoriedade de trazer soluções renováveis, materiais de reuso e recicláveis, além de ter parcerias com empresas que fazem o descarte de resíduos de forma consciente e correta.

– Armazenamento e inventário: O modo de acondicionamento nos estoques de insumos médicos é ímpar. Preservar embalagem e, principalmente, o conteúdo, são práticas fundamentais para a preservação da validade e função do medicamento. O erro no manuseio ou o mal acondicionamento podem acarretar em perdas de estoques inteiros.

A constante vigilância sobre a qualidade dos estoques é, para Campos, a chave do sucesso para essa área. “Os estoques precisam passar por inventários periodicamente e qualquer divergência precisa ser esclarecida. As inspeções frequentes têm com intuito de achar degradações visíveis que possam gerar a necessidade de substituição dos mesmos”, afirma o especialista.

Sobre a inteligência que precisa permear todo o processo, Anderson afirma que “a aplicação do supply chain na área da saúde não está apenas relacionada à busca do sucesso da instituição, mas também à criticidade que envolve os insumos hospitalares, medicamentos, e demais componentes. Aqui, um erro, por menor que seja, pode custar vidas. O ponto chave para se ter sucesso de acordo com os pontos acima comentado, é ter uma boa gestão”, completa.

O Brasil já importou 3,4 bilhões de dólares em insumos para a saúde nos seis primeiros meses de 2023. Isso significa um aumento de 1,5% do que o registrado no mesmo período do ano passado, apontam dados da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS).

Em documento intitulado “Delivering Next-Level Healthcare”, a DHL, empresa do setor logístico internacional e correio expresso, afirma que só a indústria farmacêutica investe mais de US$17 bilhões por ano em logística de cadeia fria. Um exemplo foi a necessidade do transporte das vacinas para a covid-19 que o mundo pôde observar a partir do ano de 2021.

Para Anderson, a pandemia impôs um desafio vencido pelos profissionais que cuidaram no transporte de vacinas e que trouxe melhorias e aprendizados que são utilizados até hoje no processo. “O setor teve de reavaliar todos os processos internos devido às altas nos preços dos medicamentos e dos insumos, sem contar que a logística virou de pernas para o ar pela maior demanda e pelo salto no custo do frete e aumento do tempo de entrega. A saída foi buscar fornecedores no mercado externo para atender à demanda latente e para que o processo não fosse prejudicado de forma drástica”, finaliza.