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Política

Haddad: ‘Estou enfrentando menos pressão do que há três meses’

Diogo Zacarias

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou em entrevista ao podcast ‘O Assunto’ nesta segunda-feira, a diminuição da pressão proveniente de membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e críticos à sua nomeação para o cargo, especialmente no mercado financeiro. Haddad foi questionado sobre a diminuição das críticas direcionadas a ele, indicando um cenário de menor pressão interna e externa em relação à sua atuação.

— Eu tô me sentindo menos na frigideira do que estava três meses atrás. O fogo inimigo também diminui. Falo ‘inimigo’ por esforço retórico. Tinha muita gente na chamada Faria Lima que dizia “olha Haddad não dá para ser ministro da Fazenda — respondeu o ministro.

O ministro também admitiu que já fez contraponto à propostas do Planalto sobre o direcionamento da economia e alegou que o Partido dos Trabalhadores (PT) tradicionalmente aporta diferentes posicionamentos:

— Entre dezembro e fevereiro, nós tivemos muitas discussões sobre um caminho a seguir e legítimas. O presidente cobrando um horizonte e eu tendo a tarefa e o desafio de explicar para ele, que aquilo tinha que ser daquela maneira para atingir aquele objetivo.

Política com ‘P maiúsculo’

O ministro da Fazenda falou duas vezes que o atual cenário de articulação em Brasília é “política com P maiúsculo”, ao ser questionado sobre a relação com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e lideranças no Congresso.

— Me dou muito bem com o presidente do Banco Central, não tenho nenhum problema com ele, muito pelo contrário. Temos uma relação muito civilizada, para as tensões que estão estabelecidas. Mas eu acho, sinceramente, que isso é a volta da política com P maiúsculo, para produzir os melhores resultados. Quando a política não produz os melhores resultados, ela está sendo mal feita — cita Haddad.

Banco Central ‘vai fazer sua parte’

Fernando Haddad voltou a falar de harmonização na política econômica do governo com a política monetária do Banco Central. Para ele, o BC “vai ter que fazer sua parte” para melhorar a situação fiscal do país.

Ele vê como um cenário “preocupante” a questão do custo de crédito no Brasil e declarou que o país passou por uma década “trágica” na história, entre 2013 a 2022, com o baixo crescimento registrado.

— Obviamente o Banco Central também vai ter de fazer a sua parte, porque a política monetária não pode estar em colisão com a política fiscal (…) Temos de estabilizar a economia e colocá-la numa roda de crescimento, não podemos voltar a continuar crescendo 1% ao ano em média — disse ele, argumentando que a defesa da queda na taxa básica de juros é baseada em “argumentos técnicos” e não em “queixas”.

Meta de déficit zero em 2024

Haddad reforçou a posição do governo em buscar zerar o déficit fiscal em 2024. Nas contas do governo ainda é preciso um incremento de R$ 110 bilhões nas receitas anuais. Na entrevista, o ministro diz que será “possível” atingir esse patamar com leis de ajuste fiscal e cortes de gastos tributários.

— Se o Congresso e o Judiciário continuarem nos ajudando, como estão, não fazendo favor, mas sendo céleres (…) se nós continuarmos nesse caminho, a gente zera (déficit em 2024). O Executivo está fazendo sua parte, que é não criando novas despesas, que é combatendo gastos tributários, defendendo o Tesouro Nacional nos tributários superiores, tentando impedir que o Congresso aprove novas desonerações — avalia.

De O Globo.