Após o desentendimento entre Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, em relação à Reforma Tributária, o presidente dos Republicanos, Marcos Pereira, intensifica as críticas ao ex-presidente, a quem antes apoiou na tentativa de reeleição. Pereira, deputado federal por São Paulo, descreve Bolsonaro como líder de posicionamento extremista e ressalta seu isolamento político.
Pereira votou a favor da reforma, também defendida por Tarcísio e criticada pelo ex-presidente. Em uma reunião no PL, enquanto o governador se posicionava a favor do texto, foi interrompido pelo padrinho político, que afirmou que o texto não seria aprovado se o PL estivesse “unido”. Apesar dos esforços de Bolsonaro, 20 deputados votaram pela aprovação, enquanto 75 foram contra.
— Os episódios de hoje (quinta-feira) não isolam Bolsonaro, porque ele já se isolou e vem se isolando pelo seu próprio comportamento. Entregou a eleição para o Lula por causa do comportamento dele. Vem se isolando quando começa a brigar com o Judiciário, quando lá no início do governo briga com o Parlamento, quando ele é contra a vacina – disse Pereira
O presidente do Republicanos acrescentou que “a sociedade brasileira não é de direita nem de esquerda, é de centro, é equilibrada” e que “o brasileiro é um povo pacificador”. Nas redes sociais, Bolsonaro divulgou uma nota em que criticou o apoio da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reforma tributária e pediu a “a todos aqueles que se elegeram com nossa bandeira de ‘Deus, Pátria, Família e Liberdade’, que votem contra a PEC da Reforma Tributária do Lula”.
– Nós somos de centro-direita, e ele (Bolsonaro) é de extrema direita. Os extremos são duas faces da mesma moeda, tanto a extrema esquerda quanto a extrema direita, fazem mal para a sociedade. O governador é de centro-direita, não é radical – declarou o dirigente partidário.
Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente também repercutiram com ironia a declaração de Tarcísio de que apoia 95% do texto da reforma. A fala foi dada ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disputou o segundo turno da eleição para governador com Tarcísio no ano passado e concorreu à Presidência em 2018 contra Bolsonaro. Pereira avalia que Tarcísio acertou ao participar da entrevista ao lado de Haddad porque o gesto demonstra que ele está “preocupado com o país”.
Pelo cargo que ocupa no comando do maior estado do país e pelo apoio que tem em setores do PP, Republicanos, PL e União Brasil, o governador é apontado como candidato a presidente. Apesar disso, mesmo inelegível, Bolsonaro tem evitado apontar quem seria seu representante em 2026.
O PL, por sua vez, tentou minimizar a discordância entre Tarcísio e Bolsonaro. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, botou panos quentes no episódio e negou uma briga entre os dois.
Outros integrantes da legenda reconhecem que uma ala ligada mais ideologicamente a Bolsonaro tem entrado em embate com Tarcísio, mas tentam evitar que o próprio ex-presidente entre em campo pessoalmente e protagonize conflito com o governador.
De O Globo.
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