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SPDIGI abre consulta sobre uso de telas por adolescentes

Documento que reúne dados sobre uso excessivo de telas sobre crianças e adolescentes tem como objetivo reunir contribuições para elaboração de guia de orientação; especialista no tema indica importância da participação de pais e responsáveis nessa discussão

Em relatório participativo feito pela Secretaria de Políticas Digitais (SPDIGI) do governo federal, publicado em outubro deste ano, foram destacados dados sobre o uso de telas por crianças e adolescentes. O documento fica aberto para contribuição do público até janeiro de 2024.  O primeiro dado proposto para discussão é o fato de que o Brasil é um dos países em que se passa mais tempo utilizando smartphones, telas e demais dispositivos eletrônicos, em uma média de nove horas diárias de uso da internet. 

O panorama é similar se for feito um recorte com a população jovem. Segundo dados citados pelo relatório da secretaria, em 2022, 92% da população com idade entre 9 e 17 anos era usuária de internet no Brasil. Além disso, 86% desse grupo tinham ao menos um perfil em redes sociais.

De acordo com o documento, a pandemia de Covid-19 aumentou o uso de telas pelas crianças e adolescentes, devido à imposição do distanciamento físico e ao uso de ferramentas digitais para o ensino remoto. Na avaliação dos autores do texto, esse aumento do uso intensivo de telas provocou uma “mudança significativa em como crianças e adolescentes vivenciam a própria infância”.

Gabriela Mazzei, Mestre em Psicologia Educacional é cofundadora do Empoderamento Adolescente, organização de suporte a adolescentes, e avalia que “o acesso generalizado a dispositivos eletrônicos e à internet trouxe benefícios significativos, mas também levantou preocupações sobre os impactos na saúde mental e no desenvolvimento da criança e do adolescente”. Ela aponta ainda que os conteúdos e aplicativos não são, em sua maioria, feitos para incluir conscientização e filtro por idade, o que demanda atenção maior dos pais.

No relatório da SPDIGI, foi citado um estudo que indicou que o bem-estar mental era maior em crianças e adolescentes que tinham tido acesso a smartphones ou tablets mais tarde. Outro estudo citado indicou que as idades entre 11 e 13 para meninas e 14 e 15 para meninos são os períodos em que o uso de redes sociais é especialmente prejudicial à saúde mental.

“Muitos aplicativos, jogos e plataformas on-line são projetados para serem envolventes e viciantes, usando estratégias de design que estimulam o uso contínuo. Existe também uma pressão social para que o adolescente participe e interaja com os amigos através das plataformas”, explica Mazzei. Assim, recomenda-se que pais e responsáveis busquem abordagens equilibradas que promovam um uso saudável da tecnologia, como definir limites razoáveis para o tempo de tela diário e garantir que as crianças tenham tempo para outras atividades importantes, como exercícios, interações sociais e sono adequado.

Orientações para o uso consciente

O relatório participativo do governo traz ainda uma série de elementos de contexto que devem guiar a elaboração de um documento de orientação para uso consciente de dispositivos digitais pelas crianças e adolescentes. Entre esses elementos, está a constatação de que pais, responsáveis, educadores e também trabalhadores da saúde precisam ter acesso a orientações que os ajudem a lidar com essa realidade do uso intensivo de telas pelas crianças e adolescentes.

“Os pais e cuidadores podem servir como modelos, demonstrando um equilíbrio saudável no uso da tecnologia e incentivando hábitos positivos. Também pode-se utilizar ferramentas de controle parental para monitorar e limitar o acesso a conteúdos inadequados e controlar o tempo de uso de dispositivos”, exemplifica Mazzei.

O documento sugere ainda que a sociedade precisa ser conscientizada sobre os riscos associados ao uso excessivo de telas, como impactos no desenvolvimento infantil, segurança online, abuso e cyberbullying, além de ameaças à privacidade e potencial desenvolvimento de vício. Mazzei  concorda que é preciso haver participação da sociedade civil na mitigação do problema, além de colaboração do poder público com regulamentações, políticas públicas e iniciativas de educação.

“A sensibilização sobre os impactos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos é fundamental, e o reconhecimento desse problema pela população pode ser fortalecido por meio de esforços conjuntos que visam equilibrar o acesso à tecnologia com práticas saudáveis de uso”, finaliza a especialista.

Para saber mais, basta acessar http://www.empoderamentoadolescente.com.br