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Amazonas

Autoridades sabiam desde 2014 sobre risco de deslizamento de terra em Beruri

Relatório do Serviço Geológico do Brasil, do governo federal, apontou ‘cicatriz’ de 90 m no solo

Autoridades sabiam desde 2014 sobre o risco de deslizamentos na comunidade de Nossa Senhora de Nazaré do Arumã, no município de Beruri (a 173 quilômetros de Manaus), que foi engolida após um desabamento no último sábado (30). A informação é do G1.

Mais de 40 casas foram arrastadas para dentro do rio que banha a comunidade, duas pessoas morreram – uma criança e uma adolescente, e outras três seguem desaparecidas. Cerca de 200 pessoas estão desabrigadas.

De acordo com a publicação, um relatório do Serviço Geológico do Brasil (SGB), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, apontou nove anos atrás, uma “cicatriz” de cerca de 90 metros no solo do povoado, o que indicava um processo de deslocamento de massa em curso. O alerta veio acompanhado da foto abaixo, com a área demarcada em vermelho.

“Cicatriz de deslizamento de 90m é um indicativo que o processo está ativo. A água se concentra no meio da cicatriz em episódios de chuva. Há risco de desabamento e soterramento de flutuantes próximo ao talude”, diz trecho do documento, feito após vistoria em julho de 2014.

O relatório ressalta ainda que o solo é argiloso e que o local fica próximo de uma curva do rio, afetada pela erosão fluvial.

O laudo fazia parte de um levantamento do SGB sobre ações emergenciais para identificar no município de Beruri, onde fica a vila, as áreas de alto risco e muito alto risco de enchentes e movimentos de terra, que estão demarcadas em vermelho na foto abaixo.

Comunidade já era afetada por deslizamentos

O SGB ainda destacou que, naquela época, a comunidade, que fica na margem do rio Purus, a cerca de 6 horas de barco de Manaus, já havia sido afetada por deslizamentos, fenômeno conhecido como “terras caídas”.

O documento foi feito com o acompanhamento da Defesa Civil local à época e está disponível para consulta pública no site do SGB.

Segundo o SGB, o Amazonas tem 361 áreas consideradas como de risco hidrológico e geológico. Dentre as áreas, 119 delas estão relacionadas ao fenômeno de terras caídas, incluindo Beruri.