O isolamento, dificuldades no acesso à educação, saúde e até alimentação são enfrentados pelos moradores da Zona Rural do Município de Parintins
Parintins (AM) – A estiagem que assola o interior de Parintins, no Amazonas, tem se mostrado implacável, deixando mais de 30 comunidades enfrentando dificuldades crescentes no acesso a serviços essenciais como saúde e educação. Enquanto a região enfrenta uma das piores secas de sua história, os moradores das áreas rurais são os mais afetados, enfrentando uma série de desafios que vão desde o isolamento até a dificuldade de locomoção para atividades cotidianas.
O regime das águas no município tem castigado precisamente de 34 comunidades nas regiões do Remanso, Aduacá, Caburi, Parintinzinho, Rio Jará, Panauaru, Rio Jacú, Zé Açu,
igarapé do Boto, Rio Juruá, Mocambo do Arari, Rio Tracajá, Rio Mamuru e Rio Uaicurapá.
Comunidades do Rio Uaicurapá com os leitos dos rios vazios.
Os presidentes das comunidades têm procurado a Defesa Civil para relatar que algumas dessas localidades já estão completamente isoladas. “O Sagrado Coração de Jesus no Rio
Tracajá é uma das localidades que com a seca dos rios ficou sem acesso por meio fluvial a outras comunidades”, anuncia o coordenador da Defesa Civil, Adriano Aguiar.
A situação é ainda mais grave quando se trata de serviços de saúde. As ambulanchas, que desempenham um papel crucial no atendimento médico nessas áreas remotas, estão com dificuldades em alcançar as comunidades devido à falta de vias navegáveis. De acordo com o Secretário de Saúde do município, Clerton Rodrigues, essa situação coloca em risco a vida dos moradores que dependem desses serviços para tratamentos de emergência.
“Encaminhar medicamentos para as unidades de saúde e buscar pacientes na zona rural se tornou ainda mais demorado e difícil”, explicou.
O setor educacional também sofre os impactos da estiagem. Estudantes enfrentam jornadas árduas, muitas vezes caminhando quilômetros diariamente para chegar às escolas mais próximas, ou para chegar ao rio, pegar uma embarcação e seguir até a escola.
O abastecimento de água de qualidade e alimentação também estão críticos. Os agricultores estão perdendo produção pela falta de água para irrigar suas plantações, assim como não estão conseguindo plantar.
“Estamos trabalhando para minimizar esses problemas, mas estamos recebendo muitos relatos desses momentos críticos que as comunidades estão enfrentando”, revela Adriano Aguiar.
O Portal CNA7 teve acesso a lista com as comunidades que já estão sendo afetadas por uma vazante considerada histórica. São precisamente 34 comunidades atingidas, mas com a possibilidade que, ainda hoje, esses números aumentem.
Questionado sobre o Decreto de Emergência do município, o coordenador da Defesa Civil, Adriano Aguiar, afirmou que por todo o dia de hoje entregará o parecer para a prefeitura decretar emergência e buscar apoio com recursos para ajudar as familias que sofrem com a descida do nivel dos rios junto aos governos estadual e federal.
São 23 municípios em estado de emergência, 35 em alerta, 2 em atenção e 2 na normalidade. Maués foi o primeiro município o baixo Amazonas a decretar emergência.
Parintins está em Alerta.
Morte de boto
Na última sexta-feira, um boto cor de rosa, foi encontrado morto nas margens do Rio
Amazonas, em Parintins, no bairro de Santa Clara. A morte do animal pode estar ligado a estiagem.
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