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Pesquisa da CNI aponta defasagem de 14 anos em máquinas e equipamentos

Proposta do governo de adotar a “depreciação acelerada” para estimular investimentos é bem-vinda, diz o empresário José Roberto Colnaghi, da Asperbras

Um dos maiores desafios da indústria brasileira é disputar mercado em condições de igualdade com seus concorrentes internacionais. Entre os fatores que pesam na competitividade, ter máquinas e equipamentos atualizados é essencial para melhorar continuamente a produtividade. A realidade do parque industrial brasileiro, no entanto, é outra. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que as máquinas e equipamentos industriais têm, em média,14 anos, e 38% deles estão próximos ou já ultrapassaram a idade indicada pelo fabricante como ciclo de vida ideal.

A indústria 4.0 e o processo de digitalização das empresas colocam ainda mais desafios, pois, à medida que a defasagem tecnológica se amplia, aumentam as chances de incompatibilidade com novos sistemas operacionais. E, de acordo com o levantamento da CNI, 12% do parque industrial nacional é das décadas de 1980 e 1990, praticamente antes da era da internet.

“Além de afetar a competitividade, um parque industrial obsoleto demanda maiores custos de manutenção e limita a capacidade de incorporar inovações tecnológicas”, pontua José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração da Asperbras, que atua em diversos setores industriais e do agronegócio.

Parque Industrial Pré-Internet

Para estimular os investimentos na modernização tecnológica das indústrias, o governo está estudando a adoção de um mecanismo chamado “depreciação acelerada dos ativos”. Máquinas e equipamentos de uma empresa têm prazo de vida útil em função do seu uso ou de sua obsolescência. Isso é denominado depreciação e é contabilizado nos demonstrativos contábeis ao longo de vários anos.

O período de vida útil dos bens é determinado pela Receita Federal e influencia o montante de imposto a pagar anualmente. A proposta é justamente acelerar este processo, para que ocorra em apenas um ou dois anos, antecipando a dedução tributária a que as empresas têm direito quando realizam esses investimentos. A medida impacta somente o fluxo das contas das empresas e do governo federal. Ou seja, não é renúncia fiscal já que a União receberá os recursos posteriormente, quando as empresas recolherem os tributos sem dedução. “Trata-se de uma iniciativa que tem referência em experiências internacionais e há muito é esperada pela indústria”, afirma José Roberto Colnaghi.

Cenários avaliados para modernização

Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços já deram aval à proposta, que está sendo desenhada na área técnica. As equipes estão montando as alternativas possíveis porque, dependendo da abrangência e dos setores beneficiados, o pacote pode ir de R$ 3 bilhões a R$ 17 bilhões no próximo ano.

São cinco os cenários avaliados: no mais restrito apenas a indústria de transformação poderia lançar mão deste recurso e o mais amplo englobaria a indústria de transformação, utilidades (eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos e descontaminação), construção civil, transportes e telecomunicações.

“Vamos aguardar o detalhamento dessa proposta, que é muito bem-vinda e poderá trazer grande benefício econômico ao país”, assinala José Roberto Colnaghi, ressaltando que estimular o investimento aumenta a produtividade da indústria e sua competitividade. “É um passo importante para reverter o processo de desindustrialização do país. O parque industrial brasileiro está defasado e precisa ser renovado”, finaliza Colnaghi.