Início » Petrobras eleva preços de combustíveis e aumenta importação
Destaque Economia

Petrobras eleva preços de combustíveis e aumenta importação

Pouco mais de dois meses após anunciar sua nova política de preços para os combustíveis, a Petrobras vende gasolina e diesel no país com valores cerca de 20% abaixo das cotações internacionais. Dados da Abicom, associação que reúne importadores de combustíveis, apontam que os combustíveis comercializados pela estatal a partir de suas refinarias estão com preços defasados desde meados de maio, quando foi alterada a estratégia comercial da companhia, de forma ininterrupta.

Ontem, o valor da gasolina vendida pela estatal era 23% menor que o preço do combustível no exterior, que segue a cotação internacional do petróleo. No diesel, o movimento é semelhante, com o preço do litro 19% menor. É o maior patamar de defasagem desde outubro do ano passado, quando a estatal segurou reajustes em meio à campanha de reeleição de Jair Bolsonaro.

A atual tabela de preços das refinarias da Petrobras é alvo de críticas de especialistas do setor e analistas do mercado financeiro, que temem um impacto negativo nas contas da estatal, reduzindo sua rentabilidade.

Há também o temor de inibição dos importadores, já que o Brasil não produz todo o combustível que consome. No entanto, dados da Petrobras mostram que ela também está aumentando sua importação para garantir o abastecimento.

Petróleo sobe no mercado internacional

Desde a criação da nova política de preços, em maio, a Petrobras já reduziu o preço da gasolina três vezes em suas refinarias, passando de R$ 3,18 para R$ 2,52 por litro, uma queda de 20,75%.

A distância entre os preços da Petrobras no Brasil e os do exterior se amplia com a valorização do petróleo no mundo. O barril tipo Brent, usado como referência internacional e pela Petrobras, subiu de US$ 74,90 para quase US$ 83 desde o início de julho.

A expectativa é que a cotação continue acima dos US$ 80 nos próximos meses, pressionando ainda mais as contas da estatal, com o menor risco de recessão nos EUA e estímulos econômicos na China, um dos maiores importadores da commodity.

A nova política de preços da Petrobras deu fim, em 16 de maio, à chamada política de paridade de importação (PPI), quando variações nas cotações do petróleo e do dólar serviam de parâmetro para reajustes para cima ou para baixo nos valores dos combustíveis vendidos pelas refinarias às distribuidoras.

Falta de transparência

Já sob a gestão de Jean Paul Prates, escolhido pelo presidente Lula para comandar a Petrobras, a estatal criou uma nova política comercial que leva em conta os custos internos de produção, os preços dos concorrentes em diferentes mercados dentro do país e ainda as parcelas de combustíveis produzidas no país ou compradas no exterior.

De O Globo.