O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu a Polônia de que trataria qualquer “agressão” à aliada Bielorrússia como um ataque ao seu próprio país. A declaração surge após Varsóvia anunciar o envio de tropas para reforçar sua fronteira oriental em resposta à presença de forças mercenárias do grupo Wagner, que realizam treinamentos na região.
Putin disse que a Polônia está “agindo de forma provocadora” e que “qualquer agressão à Bielorrússia será vista como um ataque à Rússia”. Ele também disse que a Rússia está pronta para tomar “todas as medidas necessárias” para proteger seus interesses.
O governo polonês disse que o envio de tropas para a fronteira oriental é uma medida de rotina e que não está ameaçando a Rússia. O governo também disse que está preocupado com a presença de forças mercenárias do grupo Wagner na região e que quer garantir a segurança de seus cidadãos.
O grupo Wagner é uma empresa de segurança privada russa que tem sido acusada de envolvimento em uma série de conflitos na África e no Oriente Médio. O grupo também tem sido acusado de crimes de guerra.
A declaração de Putin é uma escalada da tensão entre a Rússia e a Polônia. Os dois países estão em desacordo sobre uma série de questões, incluindo a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e o apoio da Rússia ao regime sírio.
A declaração de Putin também é uma indicação de que a Rússia está disposta a usar a força para proteger seus interesses na região.
— Qualquer agressão contra a Bielorrússia significará uma agressão contra a Federação Russa — disse Putin durante uma reunião do Conselho de Segurança russo televisionada nesta sexta-feira. — Responderemos a isso com todos os meios à nossa disposição — disse ele, referindo-se à aliança estabelecida há muito tempo entre as ex-nações soviéticas.
As ameaças, que podem exacerbar as tensões entre a Rússia e a Europa, não são as primeiras que o Kremlin faz contra a Polônia — um dos maiores apoiadores de Kiev desde a invasão do país. A Polônia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e não demonstrou nenhuma intenção de realizar uma ação militar unilateral e não provocada, o que poderia levar ao envolvimento das potências ocidentais no conflito.
O chefe do serviço de inteligência estrangeira da Rússia, Sergei Naryshkin, afirmou na reunião que Moscou obteve informações de que a Polônia está planejando assumir o controle das regiões ocidentais ucranianas como resultado de um “pacto de defesa mútua com a Ucrânia e a Lituânia”, mas sem fornecer qualquer evidência para as alegações. A Rússia tem feito repetidamente declarações semelhantes, sem fundamento, de que a Polônia busca tomar parte da Ucrânia.
O governo bielorrusso informou na quinta-feira que suas tropas treinarão com os mercenários do Wagner perto da fronteira polonesa. Os combatentes do grupo migraram para a Bielorrússia após acordo que pôs fim ao motim fracassado do seu então líder, Yevgeny Prigojin.
O líder bielorrusso Alexander Lukashenko visitará a Rússia e se reunirá com Putin no domingo, informou o Kremlin nesta sexta-feira.
De O Globo.
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