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Histórias cruzadas dentro de instituições de saúde mudam vidas de pacientes, familiares e profissionais para sempre

Um sistema que nunca para. Todos os dias, não importa a hora, se é feriado ou tem pandemia, pacientes e acompanhantes chegam aos hospitais e têm suas vidas cruzadas com profissionais de saúde que dedicam todo o seu esforço, para além do técnico, ao próximo. São olhos que sentem, para além de enxergar. Ouvidos que entendem, para além de ouvir. Mãos que acolhem, para além de tratar. Sorrisos que confortam, para além de iluminar. São seres humanos dedicando tudo de si para cuidar do bem mais valioso do outro: a vida.

As paredes dos hospitais são testemunhas de como laços humanos tão fortes são criados nos quartos e nas dependências das instituições. Os corredores que conectam o Hospital São Marcelino Champagnat ao Hospital Universitário Cajuru também unem histórias de grande força em casos que se complementam, se apoiam e superam juntos as adversidades. Foi assim o começo da relação entre Camila Rodrigues, paciente neurocirúrgica do Hospital São Marcelino Champagnat, e Alessandra Radulski, mãe de Brenno Marty, paciente com epilepsia do Hospital Universitário Cajuru.

Cirurgia acordada

Camila descobriu o tumor no cérebro após uma convulsão em 2017. Assustada, procurou vários especialistas até descobrir que o tratamento indicado era cirúrgico. “Foi muito difícil quando soube que a medicação não ajudava no meu caso. Passei então pelo procedimento tradicional e precisei de quatro meses para voltar a falar normalmente. Em 2021, durante a consulta de acompanhamento, descobri que precisaria de uma nova cirurgia e foi assustador. Não queria aceitar, mas resolvi encará-la com otimismo para evitar que o tumor piorasse ainda mais”, conta.

O neurocirurgião Carlos Alberto Mattozo, responsável pelo procedimento no Hospital São Marcelino Champagnat, explica que a cirurgia é feita em duas etapas e o paciente fica acordado na segunda fase. “O paciente é sedado e dorme na primeira parte da cirurgia, enquanto são realizadas a incisão e a abertura do osso do crânio. Após essa etapa, a medicação é diminuída e ele é despertado. A partir daí, o operado está apto a responder a todas as perguntas do médico durante o procedimento cirúrgico e executar comandos, como movimentar os braços e as pernas, por exemplo. Já utilizei essa técnica algumas vezes e, embora possa parecer traumática, pacientes relatam que a experiência é tranquila”, explica o médico.

Vidas cruzadas

A cirurgia para a retirada do tumor de Camila durou cerca de seis horas e, em menos de uma semana, ela já estava se recuperando em casa. É a partir desse momento que duas vidas paralelas se cruzam e passam a trilhar um novo caminho. Foi durante uma das madrugadas em que Alessandra Radulski estava acordada, cuidando do seu filho que havia tido mais uma convulsão, que ela leu uma notícia na internet e descobriu que o problema de seu filho era semelhante ao de Camila, e a solução poderia ser uma cirurgia realizada pelo SUS. 

“Por intermédio de algumas pessoas, entrei em contato com a Camila que, gentilmente, conversou comigo por mensagem e me deixou muito confiante. Durante a consulta com o médico, minha confiança aumentou e surgiu a esperança de fazer a cirurgia em Brenno também. Ele já estava tomando remédios há quatro anos e os episódios de convulsões nunca foram completamente controlados, então a cirurgia era uma tentativa de cura. O local a ser operado era muito delicado e poderia comprometer funções importantes, por isso uma cirurgia monitorada era mais segura. Na cirurgia da Camila, ela ficou acordada, mas no caso de Brenno não foi necessário, apenas houve monitorização”, relembra Alessandra.

A capacitação das equipes médicas e a estrutura hospitalar do Hospital Universitário Cajuru, que oferece atendimento 100% SUS, tornaram possível a realização da cirurgia complexa em Brenno. “Para que o procedimento alcançasse um resultado satisfatório, diferentes especialistas estiveram envolvidos. Além da nossa equipe permanente do Hospital Universitário Cajuru, contamos com a participação de uma neurologista e de uma técnica de eletroencefalograma”, conta o neurocirurgião.

Sistemas que se complementam

Tanto Camila quanto Brenno estão bem e conseguiram se recuperar totalmente dos procedimentos aos quais foram submetidos. As histórias interligadas como as deles mostram que o sistema público de saúde e a iniciativa privada coexistem, se complementam e se interseccionam. Para Juliano Gasparetto, diretor-geral dos hospitais São Marcelino Champagnat e do Universitário Cajuru, é necessário que a iniciativa pública e a privada trabalhem juntas com o objetivo comum de colocar o paciente no centro da assistência, de forma humanizada e acolhedora. “É nesse ponto que ambos podem unir forças, por meio do cuidado com as pessoas, em vez de apenas tratar doenças ou condições específicas”, finaliza Gasparetto.