Evento chega ao último dia com menor responsabilização dos países desenvolvidos sobre o financiamento climático; documento final deve ser definido no sábado (23)
O Greenpeace Brasil analisa que a versão do texto da Nova Meta Global Coletiva Quantificada (NCQG) publicado pela UNFCCC nesta sexta-feira (22), na reta final da COP29, é consideravelmente pior que a versão anterior.
A especialista em política internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim, lamenta que o novo documento tenha reduzido a responsabilidade dos países desenvolvidos sobre o financiamento climático.
“O novo texto [NCQG] não resolve o problema da péssima qualidade do financiamento climático. Ao estabelecer uma nova meta de 250 bilhões de dólares ao ano (para substituir a anterior de 100 bilhões), reduz a responsabilidade dos países desenvolvidos ao dizer apenas que eles devem `liderar’ tal financiamento. Além disso, o documento não deixa claro qual percentual desses 250 bilhões deve vir de doações ou de financiamento altamente concessional, o que novamente levanta preocupação sobre o endividamento dos países em desenvolvimento e a dificuldade de financiar a ação climática nesses países. Ao mencionar o 1.3 trilhão como meta total até 2035, o texto apresentado está esperando que a solução venha do setor privado, que sabemos não ser o caso”, diz Jardim.
Sobre a retirada do novo texto do princípio poluidor-pagador, Jardim afirma:
“É decepcionante ver que o novo texto retirou a referência de fazer os grandes poluidores pagarem pela crise climática – especialmente grandes empresas de petróleo – o que é um desastre e exclui uma alternativa que poderia mobilizar bilhões de dólares em países desenvolvidos para serem direcionados ao mundo em desenvolvimento. Novamente o lobby das grandes empresas deixou sua marca, implicando em uma grande perda para as comunidades vulnerabilizadas ao redor do mundo”.
A especialista em política climática do Greenpeace Brasil, Anna Carcamo, afirma:
“A nova meta global de financiamento anunciada nesta sexta (22) não é só um retrocesso em relação ao texto anterior, mas também tenta reduzir as obrigações de países desenvolvidos de providenciarem financiamento climático a países em desenvolvimento, que é nítida na Convenção do Clima e no Acordo de Paris. O texto também retrocede ao deixar de incluir de forma clara o financiamento para lidar com as perdas e danos ocasionadas pelos impactos que países em desenvolvimento já enfrentam”.
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