O embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, será chamado de volta ao Brasil. A convocação surge após autoridades israelenses solicitarem explicações, nesta segunda-feira (19), sobre uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem (18), Lula comparou os ataques israelenses na Faixa de Gaza com o Holocausto.
A desocupação do posto em Tel Aviv indica um agravamento do impasse diplomático entre Brasil e Israel. Quando há uma crise entre dois países, chamar o chefe do posto mostra que o governo não está satisfeito com o outro país e pode, eventualmente, ser o primeiro passo para o esfriamento ou até o rompimento das relações bilaterais.
No último domingo, Lula comparou as mortes de palestinos que estão na Faixa de Gaza ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial, marcado pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus. Lula foi considerado, nesta segunda-feira, persona non grata por Israel e, ao convocar o embaixador, indicou que, ao contrário do que foi exigido pelo governo daquele país, não pedirá desculpa por sua fala.
A declaração do presidente brasileiro causou indignação ao governo de Israel, que convocou o embaixador brasileiro para uma reunião em um local totalmente fora dos padrões diplomáticos: o Museu do Holocausto, em Jerusalém. O lugar escolhido foi considerado um “circo” por diplomatas brasileiros. Para integrantes do Itamaraty, foi uma exposição desnecessária do embaixador.
A avaliação é que a declaração de Lula está sendo usada politicamente pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que enfrenta uma crise de popularidade. A decisão de Israel de classificar o presidente brasileiro como persona non grata, foi considerada “um absurdo” pelo assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim.
A interlocutores, Lula deixou claro que quer manter o posicionamento contra as ações do governo israelense, mas quer reforçar que a crítica não se estende ao povo judeu.
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