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Economia

Seca na Amazônia ameaça setor varejista de eletroeletrônicos

A Amazônia, que não é apenas o maior bioma brasileiro, mas também o de maior biodiversidade do mundo, há cinco meses consecutivos enfrenta uma seca histórica causada, segundo especialistas, por uma combinação de fatores climáticos, entre eles o fenômeno atmosférico-oceânico conhecido como El Niño e o aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, que tem como consequência o aquecimento global.

A seca na Amazônia tem provocado, entre outros inúmeros problemas, a redução da vazão de seus principais rios, o que, por sua vez, tem sido uma ameaça à navegabilidade dos rios e tem prejudicado o escoamento de produtos na Zona Franca de Manaus, importante polo industrial do país, que utiliza os rios tanto para receber insumos como para o escoamento de 95% da produção industrial.

Segundo informações da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), desde setembro navios com contêineres de insumos tiveram suspensa sua ida a Manaus, que costuma receber, em média, cerca de 15 mil contêineres por mês. O órgão tem alertado para o risco de desabastecimento dos mercados no Sul e no Sudeste durante as compras de Natal.

Uma estimativa da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) indica que 100% da produção nacional de alguns eletroeletrônicos, como aparelhos de ar-condicionado, televisores, máquinas de lavar louça e micro-ondas, está concentrada na Zona Franca de Manaus.

Juliana Bauer, diretora comercial do Girafa, e-commerce brasileiro especializado em tecnologia, com foco no segmento de eletrônicos, afirma que, diante da gravidade da situação, um planejamento assertivo pode ajudar a manter estoques abastecidos, minimizando os problemas decorrentes da logística de mercadorias da região amazônica.

“Há alguns meses o Girafa vem se preparando para os eventos de final de ano. Tal planejamento fez com que os estoques fossem abastecidos antecipadamente de modo a dar conta deste período de alta demanda por produtos”, comenta.

Bauer avalia que, para mitigar o impacto das atuais dificuldades enfrentadas pelo setor varejista em razão das crises econômica e ambiental ocorridas atualmente na Amazônia, os negócios de varejo precisam adotar medidas como a projeção de objetivos possíveis de serem alcançados, de acordo com a realidade e as possibilidades de cada empresa, e o planejamento estratégico.

E, apesar do risco de desabastecimento causado pela seca na Amazônia, um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê crescimento de pelo menos 5% nas vendas de Natal realizadas pelo setor varejista neste ano, em comparação com as realizadas no ano passado. E uma pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) estima que o faturamento do e-commerce no país chegue a R$ 185 bilhões em 2023.