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Futebol brasileiro bate recorde de técnicos estrangeiros

Com onze estrangeiros no comando de times do Brasileirão, futebol nacional mostra preferência por profissionais de fora do país

Treinadores de fora do país têm crescido no futebol brasileiro. Desde 2019, a sua presença na elite do Brasileirão só aumenta, somando atualmente onze estrangeiros no comando de times na divisão principal do país. Pela primeira vez na história, esse ano o campeonato contou com mais técnicos estrangeiros que brasileiros.

Entre 2003 e 2018, apenas 17 técnicos estrangeiros haviam passado por clubes da Primeira Divisão do futebol brasileiro. Foi o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, com as conquistas do Brasileirão e da Libertadores, que iniciou um movimento entre os clubes: a preferência por treinadores de fora do país. Entre 2019 e 2023, o Brasil recebeu 37 técnicos para clubes da Série A, segundo análise do portal GE.

Enquanto isso, a Seleção Brasileira tem grande chance de ter seu primeiro técnico estrangeiro nos últimos 60 anos. Cotado para assumir o posto em junho de 2024, quando o vínculo com o Real Madrid acaba, o italiano Carlo Ancelotti, ainda não confirmou o cargo. Por outro lado, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, já admitiu o acordo com o técnico estrangeiro.

Na contramão da tendência, o técnico mineiro Giba Damiano vive atualmente na Inglaterra, prestando consultoria estratégica de desenvolvimento técnico para clubes profissionais. Segundo ele, o Brasil pode virar o jogo com a recente reformulação no sistema educacional de seus treinadores. “Até pouco tempo atrás, para ser técnico no Brasil, só precisava formação de Educação Física. Foi em 2016, com a abertura da CBF Academy, que o Brasil começou a se aproximar do nível europeu de formação”, disse.

Para atuar como head coach no exterior, Damiano conta que é preciso quase 20 anos de estudo na Europa. “O processo de contratação é tão rigoroso que, depois do curso, ainda exigem cerca de dois anos de prática antes de assumir a posição de técnico”, conta o brasileiro que já formou 22 jogadores profissionais que representam seleções de diversos países. “Treinadores precisam de disciplina e adaptabilidade, pontos essenciais para desenvolver seus jogadores”.

Já para Paulo Cesar Vasconcellos, comentarista dos canais Globo, a preferência por treinadores estrangeiros se deve à tentativa dos clubes de replicarem os recentes casos de sucesso. “Há clubes que contratam técnicos que nasceram fora do Brasil por convicção e há outros que contratam por medo da pressão de apostar em um técnico brasileiro”, disse. “O técnico brasileiro, hoje, já é visto com ressalvas antes de começar o trabalho, e essa situação, de certa forma, se consolidou ainda mais na medida em que a CBF decidiu que não há ninguém no Brasil capaz de dirigir a seleção brasileira, exceto por um período de interinidade, que é o caso de Fernando Diniz”, completou o especialista.