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Arábia vê na Copa de 2034 a chance de se abrir para o mundo

Provável sede do Mundial de 2034, Arábia Saudita projeta megacidade construída no deserto, em um investimento equivalente a 5 trilhões de reais. Objetivo é atrair investimentos estrangeiros e melhorar a imagem do país, que já se vende para o mundo através de estrelas como Cristiano Ronaldo, Neymar e Benzema

A Arábia Saudita como o eldorado de jogadores e técnicos pouco badalados, que viam a inusitada experiência no país como forma de ganhar uma fortuna – mesmo que isso significasse o ostracismo completo –, ficou no passado. A Liga Árabe, que movimentou mais de R$ 1 bilhão de reais somente na última janela, faz parte de um plano audacioso de colocar de vez a Arábia Saudita na rota mundial de negócios. Capitaneado por Cristiano Ronaldo, que saiu da Europa rumo ao Al-Nassr, o projeto nasceu em 2016 pelas mãos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e vai muito além das quatro linhas. Batizada de “Visão 2030”, a iniciativa pretende diversificar a economia saudita, desenvolvendo setores como indústria, mineração, agricultura e logística. Para isso, tem o futebol como grande vitrine.

O fortalecimento de uma liga nacional, que no Brasil já é transmitida ao vivo pelo Grupo Bandeirantes em TV aberta e fechada, é o primeiro movimento para uma cartada ainda mais audaciosa: sediar uma Copa do Mundo. Atraída pelos bons resultados obtidos pelo vizinho Catar no Mundial de 2022, a Arábia Saudita acaba de lançar sua candidatura para receber o torneio em 2034. Criticado mundialmente por ter um governo ditatorial, o país encontraria no futebol uma forma de apresentar a imagem de um local aberto ao turismo e, consequentemente, a investimentos estrangeiros.

“A Fifa já informou que apenas países da Ásia e Oceania poderão receber o Mundial em 2034, o que reforça ainda mais as chances de a Arábia sediar a competição. Para a indústria será a possibilidade de desbloquear mais um mercado, após a realização da Copa na África do Sul, na Rússia, no Catar e em dois continentes em 2030”, analisa Luiz Mello, especialista em gestão esportiva e consultor estratégico da 777 Partners, referindo-se ao torneio que acontecerá no Uruguai, na Argentina, no Paraguai, em Portugal, na Espanha e em Marrocos.

Dinheiro, como se sabe, não é problema. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman já anunciou que vai construir no deserto, perto do Mar Vermelho, uma megacidade para receber jogos do Mundial. Chamada de Neon, está orçada em mais de 5 trilhões de reais. O projeto futurista terá um centro industrial flutuante e uma cidade portuária, comprovando que a “Visão 2030” ultrapassa (e muito) os limites do futebol. No projeto estão ainda um aeroporto e uma pista de quase 180km e 200m de largura, suspensa a 500m do chão, que vai ligar Neom ao que já existe do reino.

“A partir da indicação para receber uma Copa, os países se adaptam às necessidades da competição e inovam na busca de estruturas que possam ser aproveitadas após a final. No Catar, o estádio 974 foi construído com contêineres, que depois do Mundial foram desmontados e reutilizados. A realização da Copa de 2030 em seis países vai diminuir a quantidade de construções em uma única sede. Este é o equilíbrio que deve ser seguido para uma competição sustentável”, prevê Mello.

Fundo de investimento impulsiona o futebol

Todo o dinheiro que surpreendeu o mundo na contratação de craques badalados como Cristiano Ronaldo, Neymar e Karim Benzema saiu do Fundo de Investimento Público. A verba é distribuída pelo Ministério do Esporte a um seleto grupo: Al-Ahli e Al-Ittihad, da capital Riad, e Al-Hilal e Al-Nassr, de Jeddah, próxima ao Mar Vermelho. Em junho deste ano, o fundo passou a ser dono de 75% desses clubes, ampliando uma experiência que começou em outubro de 2021, quando comprou 80% do Newcastle, da Inglaterra.