Milhares de pessoas foram às ruas da Faixa de Gaza no domingo (30) para protestar contra os constantes blecautes de energia e as difíceis condições de vida no território controlado pelo Hamas. As manifestações ocorreram na Cidade de Gaza, na cidade de Khan Younis, no sul, e em outros locais, com as multidões cantando “que pena” e até mesmo queimando bandeiras do Hamas, antes que a polícia chegasse e dispersasse as movimentações.
As manifestações foram organizadas por um movimento popular online chamado “alvirus alsakher” ou “o vírus zombeteiro”, mas ainda não se sabe exatamente quem está por trás do movimento. Foi relatado que a polícia destruiu telefones celulares de pessoas que estavam filmando em Khan Younis, e testemunhas disseram que houve várias prisões.
“O Hamas controla Gaza desde 2007 e é um grupo reconhecido como terrorista pelas nações mais importantes do mundo, incluindo Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Israel, entre outros”, explica André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente executivo da StandWithUs Brasil. Sob esse regime, a economia de Gaza se deteriorou significativamente, as taxas de desemprego dispararam e quedas de energia se tornaram frequentes.
Durante a atual onda de calor, as pessoas recebem apenas de quatro a seis horas de energia por dia, devido à grande demanda. A multidão presente em Khan Younis gritava durante o protesto “onde está a eletricidade e onde está o gás? Que pena. Que pena.”
Os manifestantes também criticaram o Hamas por reduzir aproximadamente US$15 do valor total da assistência financeira de US$100 dada às famílias mais pobres de Gaza pelo rico estado do Golfo do Catar.
Lajst comenta que são raros protestos dessa proporção na região, pois o Hamas reprime quaisquer manifestações contrárias a seu regime, mas que é de extrema importância a população ir às ruas mostrar seu descontentamento. “Enquanto o Hamas, grupo reconhecidamente terrorista, continuar dominando Gaza, fomentando inclusive uma cultura e ideologia pró-conflito com os países vizinhos, será muito difícil alcançar a paz na região. Quem sofre com isso é a população que vive sob esse governo, enfrentando a escassez de recursos e constante medo de repressão”, alerta o especialista.
Apesar das manifestações atuais denunciarem problemas relacionados a recursos que deveriam ser fornecidos pelo governo do Hamas, casos de corrupção, ameaças, extorsões de civis, censura e violência contra críticos do grupo, repressão dos direitos das mulheres e de manifestações artísticas consideradas “anti-islâmicas”, silenciamento de jornalistas, além de outras ações do Hamas que impactam diretamente na qualidade de vida e perspectiva de futuro dos moradores de Gaza, também já foram expostas anteriormente. Exemplos podem ser encontrados em uma série de entrevistas com residentes da região, chamada “Whispered in Gaza” (“Sussurrado em Gaza”, em tradução livre), na qual mais de 20 moradores denunciam as dificuldades encontradas todos os dias sob o domínio do Hamas.
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