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Haddad buscará apoio de Alckmin para marco fiscal

Alckmin deverá ser chamado a se inteirar de detalhes da proposta, que será enviada ao Congresso como projeto de lei complementar

Se não pode vencer os rivais sozinho, encontre aliados. Esta parece ser a filosofia a pautar a movimentação da equipe do Ministério da Fazenda na maneira cuidadosa com que está embalando a apresentação da proposta de novo marco fiscal para o Brasil, em substituição ao teto de gastos transformado em emenda constitucional no governo Temer.

A proposta está sendo guardada a sete chaves para que vazamentos de detalhes não a dinamitem antes mesmo de chegar à mesa de Lula. Da mesma forma, a estratégia é fechar um monobloco na equipe econômica para que ela chegue ao presidente endossada. E, nesse front, o apoio do vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, é a peça-chave.

Alckmin deverá ser chamado a se inteirar de detalhes da proposta, que será enviada ao Congresso como projeto de lei complementar (uma vez que a PEC da Transição tirou o tema da Constituição e tratou de abrir caminho para uma aprovação mais fácil), antes da reunião entre Fernando Haddad e Lula.

O apoio entusiasmado manifestado pela titular do Planejamento, Simone Tebet, na sexta-feira, foi considerado importante para ir criando um clima de boa vontade dos agentes econômicos, sobretudo o setor financeiro, com o qual a ex-candidata a presidente desenvolveu na campanha e mantém boa interlocução.

Representantes de consultorias e bancos apontam, passados dois meses e meio de governo, que a ida de Tebet para o Planejamento, a princípio um “prêmio de consolação” pelo fato de ela não ter conseguido as pastas que pleiteada, na área “fim” e mais próximas da agenda social, acabou sendo boa para dar a Haddad aliados de fora do PT para se contrapor ao fogo amigo com o qual nem o ministro nem agentes econômicos contavam — não tão imediatamente e de forma tão explícita.

É esperada alguma dose de novas contestações da ala mais à esquerda do partido e do governo à proposta de Haddad. Uma sinalização a esse respeito foi dada no auge do processo de artilharia contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em fevereiro, quando o partido anunciou que, a partir do BNDES, seriam realizados seminários para “oferecer” à Fazenda ideias para a nova âncora fiscal — algo que a pasta de Haddad não pediu nem gostaria de receber.

A resposta foi imediata: antecipar o lançamento do projeto do marco para março e sem intermediários. Com esse histórico, o apoio de Tebet e Alckmin e a demonstração, para Lula, de que a equipe econômica, mesmo tendo perfil diverso e origens idem, está fechada em torno do diagnóstico de que é preciso que o governo aja para demonstrar que está disposto a ter responsabilidade fiscal e, assim, criar as condições para que o BC comece a baixar os juros de forma sustentável.

Falei a respeito dessa equação política para o lançamento do novo marco fiscal na primeira edição do Viva Voz, meu quadro diário na CBN, nesta segunda-feira. Você pode ouvir o comentário abaixo.

De O Globo.