Início » Startup quer captar R$ 500 mil para ampliar serviços de logística na Amazônia
Amazonas

Startup quer captar R$ 500 mil para ampliar serviços de logística na Amazônia

A Navegam, uma startup dedicada à venda online de passagens para mais de 200 embarcações que cruzam parte dos 25 mil quilômetros de rios amazônicos, assim como ao gerenciamento da logística de cargas por meio dos modais aéreo, terrestre, fluvial na região, procura captar meio milhão de reais na 15ª. Rodada de Investimentos da Sitawi Finanças do Bem, que se iniciou em meados de maio. Por meio de soluções inovadoras, tem promovido a inclusão digital de consumidores e produtores regionais. Suas plataformas facilitam o acesso a bens de quem mora no interior e impulsiona o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

A empresa, nas palavras de Michelle Guimarães, sua Chief Governance Officer, é, em suma, uma startup da Amazônia, resolvendo desafios da Amazônia para os amazônidas. “O tamanho desse problema é o tamanho da nossa oportunidade”, resume ela. “Fizemos a gestão de 380 mil volumes de carga em 2023”, exemplifica. Boa parte deles, na entrega de mercadorias de varejistas como Bemol e TVlar, para municípios do interior, só acessíveis por meio de barco ou via aérea. A empresa também vendeu mais de 200 mil passagens em 2023 e permitiu a mais de 500 pessoas escoarem a sua produção para o mercado, na distante capital amazonense.

Segundo a executiva, a Navegam lançou, a partir de 2019, os sites – Navegam.com.br, para a venda online de passagens fluviais, o Navegamlog.com.br, para o gerenciamento necessário à logística multimodal, típica da região e, em breve, deve lançar o Navegam Bio, para atuar em diversos elos do fluxo de produtos da sociobiodiversidade. Neste caso, é feito todo o monitoramento, o escoamento da produção e a rastreabilidade dos gêneros alimentícios e insumos naturais das cadeias produtivas da bioeconomia.

Potencial de mercado

“Já movimentamos R$ 500 milhões em notas fiscais anualmente”, informa ela. O faturamento anual da empresa atingiu os R$ 6,5 milhões no ano passado. Com o investimento adicional que deverá chegar a partir da captação esperada nesta Rodada de Investimentos da Sitawi, a ideia é aplicá-lo na expansão do desenvolvimento das plataformas, o qual já conta com uma equipe interna de 12 desenvolvedores.

“Hoje precisamos aumentar a venda de passagens, pois só atingimos até aqui 10% do potencial desse mercado”, exemplifica Michelle. Na frente dos negócios da bioeconomia, a ideia é reforçar a conexão não só de quem compra e de quem vende. “Nosso objetivo é, além de mapear os agricultores, fazer a gestão dessa cadeia”, diz ela. Com isso, será possível trazer maior previsibilidade para a indústria que demanda esses produtos e dar maior segurança na estruturação dessas cadeias produtivas. “O nosso objetivo é coletarmos dados de toda a bioeconomia amazônica”, frisa Michelle.

Condições diferenciadas

A organização está em busca de um empréstimo de R$ 500 mil junto à       Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi, que tem uma lógica de “Capital Empático” e busca conciliar investimentos de impacto socioambiental com retorno financeiro para os investidores. Assim, o modelo de negócio para o investidor prevê o retorno do valor investido a uma taxa de 13% ao ano, a ser recebida em 30 parcelas mensais com seis meses de carência. “Se fôssemos buscar os R$ 500 mil que pretendemos captar por meio da Sitawi no varejo bancário tradicional, provavelmente pagaríamos o triplo”, admite a empreendedora.  

Michelle conta que é quase inviável um aporte desse valor – se realizado pelas vias tradicionais. “Uma startup tem uma dinâmica financeira diferente de uma empresa comum. Toda receita é reinvestida, pois estamos financiando o nosso crescimento”, frisa. Contudo, destaca ela, o que os bancos pedem de salvaguardas para seus empréstimos inviabiliza essa dinâmica.

Para Michelle, independente das condições financeiras que a Sitawi oferece, o que mais atraiu os sócios da Navegam é estar associados a uma parceria que tenha um propósito socioambiental.

Impacto socioambiental positivo

Na Sitawi, o caso da Navegam é tido como emblemático. “É exatamente para esses negócios que dirigimos as nossas Rodadas de Investimento de Impacto”, explica Bruno Girardi, diretor vice-presidente da Sitawi Finanças do Bem. E quais são os critérios? “Além da capacidade de repagamento do empréstimo concedido (sempre a taxas mais razoáveis do que o mercado tradicional exige), buscamos principalmente que os negócios que captam conosco – via a concessão de empréstimos – possam retornar à sociedade um impacto socioambiental positivo”, detalha ele.

A 15ª. Rodada de Investimentos está aberta por meio de sua Plataforma de Empréstimo Coletivo para Impacto Positivo e já contou com a captação de recursos para outras três organizações nesta rodada: Coafra (PA), Cacauway (PA) e Cooprima (PA). Até o momento, foram captados R$500 mil já investidos para essas organizações.

Girardi conta a longa trajetória da Sitawi com Investimento de Impacto. Desde o início de sua criação em 2008, já mobilizou R$ 33 milhões para 65 negócios. O retorno financeiro após o final da pandemia ficou na casa dos 2,6% acima do IPCA. Só em 2023 foram investidos R$ 2,8 milhões em      diversos negócios com impacto positivo: Ccampo, Pappo, Coopersapó, Deveras Amazônia, Paraoil, Tobasa, Sementes do Marajó, Coopercuc, Maranha Filmes, Flor de Jambu e Coopavam.

Sobre a Sitawi

A Sitawi Finanças do Bem é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 que desenvolve infraestrutura financeira para a Economia de Impacto. Em sua trajetória já mobilizou mais de R$470 milhões para impacto socioambiental para mais de 3 mil iniciativas que beneficiaram 14 milhões de pessoas e apoiaram a conservação de 5 milhões de hectares, em todo o país. Mais informações: https://sitawi.net/