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Japan Airlines proíbe animais na cabine e levanta polêmica

A medida é um reflexo do acidente em Haneda, em que todos os 379 ocupantes de seu avião foram evacuados com sucesso, enquanto os dois animais que estavam no porão vieram a óbito

A companhia aérea Japan Airlines acaba de anunciar um embargo para o transporte de animais a bordo das cabines de suas aeronaves. A medida é um reflexo do acidente envolvendo uma de suas aeronaves em que 379 pessoas foram evacuadas com sucesso, enquanto dois animais que estavam no porão do avião vieram a óbito.
A medida gerou polêmica entre os passageiros que acreditam que os dois animais teriam sobrevivido caso estivessem na cabine. No entanto, especialistas sugerem que caso os animais estivessem na cabine o sucesso da evacuação poderia ter sido comprometido, uma vez que os 379 ocupantes foram evacuados em apenas 90 segundos e a retirada dos animais poderia aumentar o tempo de evacuação.

Segundo o professor Ed Galea, diretor do Grupo de Engenharia de Segurança contra Incêndios da Universidade de Greenwich, na Inglaterra, um dos fatores cruciais para o sucesso da evacuação foi o fato de que os passageiros seguiram todas as orientações de segurança impostas pelos tripulantes, as quais uma delas incluía deixar para trás todo e qualquer objeto pessoal. Além disso, a questão cultural dos japoneses frente a situações de emergência também teria sido um dos fatores determinantes para o sucesso dessa evacuação, tendo em vista que o mesmo cenário em outro país poderia não ter tido o mesmo desfecho. 

Em uma das imagens divulgadas pela Agência Reuters é possível ver os passageiros sentados em seus assentos enquanto aguardavam pelas orientações dos tripulantes.

“Tentar evacuar com bagagens e outros pertences pessoais pode ser arriscado, pois as pessoas podem bloquear corredores para recolher bagagens e impedir que outras pessoas escapem”, afirma Ed Galea.

Um acidente semelhante aconteceu em 2019 quando um avião Sukhoi Superjet 100 pousou e pegou fogo em Moscou. Na ocasião 78 pessoas estavam no avião e 41 delas morreram durante a evacuação, alguns dos passageiros que conseguiram evacuar foram vistos carregando suas bagagens.
Ed Galea esclarece que tentar evacuar com bagagens e outros pertences pessoais pode ser arriscado, pois as pessoas podem bloquear corredores para recolher bagagens e impedir que outras pessoas escapem. “Além disso, as malas e bolsas podem danificar os escorregadores de emergência que os passageiros devem utilizar”, finaliza Galea.

Em dezembro de 2022 um voo da Avianca levantou polêmica ao decolar de São Paulo com destino a Bogotá levando 25 animais de suporte emocional. Após repercussão negativa, a Avianca alterou as políticas para aceitação de animais na cabine.

Neste sentido a Japan Airlines entende que devido ao apego emocional as pessoas não abandonariam seus animais durante uma evacuação de emergência, o que poderia aumentar significativamente o tempo de evacuação aumentando ainda mais o risco de óbitos aos demais passageiros. A companhia aérea entende que por mais importante que seja a vida dos animais, salvar vidas humanas ainda segue sendo a sua prioridade.

A companhia aérea não descartou completamente a permissão de animais de estimação em cabines no futuro e lamentou profundamente pelos dois animais, e pelos cinco tripulantes do avião da Guarda Costeira que perderam suas vidas neste acidente.

Segundo Leonardo Dias, especialista em transporte aéreo de animais pela Petwork Travel, “o transporte aéreo de animais deve seguir estritamente as normas do manual Live Animals Regulations da IATA”, “e que apesar de polêmica a decisão da JAL não contraria a regulamentação, uma vez que, segundo a IATA cada companhia aérea é livre para determinar as próprias políticas para a aceitação de animais em seus aviões, desde que essas políticas não sejam menos restritivas que o manual da IATA”.