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Brasil

PF investiga ex-comandantes do CMA por tentativa de golpe

Os generais Augusto Heleno e Theophilo Gaspar são investigados por tentar viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital

Entre os alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal (PF), estão dois ex-comandantes do Comando Militar da Amazônia (CMA), sediado em Manaus, o general Augusto Heleno e o general Estevam Cals Theophilo Gaspar. Eles são investigados pela PF pela tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

O General Augusto Heleno chefiava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República; e o general Estevam Cals Theophilo Gaspar era o comandante do CMA quando os manifestantes ocuparam a frente do quartel, de 2020 a dezembro de 2022. Heleno comandou o CMA anos antes, de 2007 a 2009.

De acordo com a PF, o grupo investigado se dividiu em dois “eixos”, ou núcleos de atuação para tentar minar o resultado das eleições de 2022.

O primeiro “eixo” era voltado a construir e propagar informações falsas sobre uma suposta fraude nas urnas. O segundo “eixo” praticava atos para concretizar o golpe. Essa etapa, de acordo com as investigações, tinha o apoio de militares ligados a táticas e forças especiais.

Se confirmadas, as condutas do grupo podem ser enquadradas em crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Inércia
Em janeiro de 2023, documentos da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE-AM) enviados à Casa Civil e ao Judiciário, mostraram que o CMA chegou a ceder o prédio para que os manifestantes acampados na porta do quartel guardassem seus pertences, sendo conivente com os atos.

No documento apresentado à Justiça Federal, o subprocurador-geral do Amazonas, Mateus Severiano da Costa, destacou a ausência de participação do Exército na operação de desmobilização do acampamento.

Além disso, o CMA também recebeu individualmente integrantes do ato para negociações, antes da Polícia Militar do Amazonas (PM) cumprir ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) para pôr fim aos acampamentos.