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Colômbia busca Brasil para tratado de eliminação do uso de petróleo

Reprodução: Instagram

A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, fez um convite ao Brasil para aderir ao Tratado de Não Proliferação dos Combustíveis Fósseis, uma iniciativa para negociar um acordo vinculante para acabar com o uso do gás, carvão mineral e petróleo.

A ministra disse à CNN que fazia um convite “a todos os países do sul, especialmente aos que exportam petróleo e carvão, para aderirem à iniciativa. E a entrada do Brasil seria fundamental para dar apoio político à iniciativa, afinal trata-se de uma economia que tem grande influência, que está na presidência do G20 este ano. Isso poderia gerar um fato político que a gente precisa”.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, anunciou durante a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a adesão de seu país à iniciativa.

A ideia do tratado foi concebida por iniciativa de nove outros pequenos países, a maioria ilhas do Pacífico ameaçadas pelas mudanças climáticas.

A intenção é negociar um tratado mandatório que proíba novos investimentos e novas prospecções em combustíveis fósseis.

Posição do Brasil

Não há nenhuma indicação de que o Brasil pretenda aderir ao protocolo.

Pelo contrário, na sua entrevista coletiva na COP 28, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Petrobras vai continuar explorando petróleo enquanto for necessário, visto que, na opinião dele, ainda não há alternativas viáveis em escala suficiente para substituir os combustíveis fósseis.

Muhamad também afirmou que apoiava a iniciativa do governo brasileiro de criar uma coalizão de países que possuem florestas tropicais.

“A iniciativa é fundamental. Em primeiro lugar, porque existem muitas questões econômicas em torno das florestas e das selvas. Em segundo lugar, porque temos a maior biodiversidade do planeta e devemos fazer com que isso conte no mundo. E em terceiro lugar, porque é a nossa principal responsabilidade climática, tanto em países como Brasil e Colômbia, para preservação da selva das florestas, conter o desmatamento”, afirmou a ministra.

Por fim, Muhamad reafirmou que é contra a exploração de petróleo em áreas da Amazônia.

“A potencial exploração em larga escala de petróleo e gás na Amazônia geraria mais emissões do que aquilo que fazemos ao conservar a selva. Por isso não é lógico que tentemos parar a desflorestação, que custa muito trabalho, muito dinheiro, e ao mesmo tempo avançamos na exploração de combustíveis fósseis e emissões. A matemática do carbono não funciona e acho que poderíamos declarar juntos uma moratória nessa produção”, disse a ministra.

CNN perguntou ao secretário-geral do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, se o Brasil aceitaria o convite da ministra colombiana.

Capobianco disse que o Brasil está envolvido diretamente nas discussões sobre o “phase out” do petróleo, mas lembrou que que esse “é um processo que tem que ser conduzido de forma internacional, com o conjunto dos países produtores e principalmente com as opções que a sociedade deve adotar” para substituir os combustíveis fósseis.

“É uma discussão que deve ser vista sob um ângulo completo. Eu não acredito e nós não acreditamos, no Brasil, que uma ação voluntarista de um país seja a solução”, disse ele.