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Resistência a antibióticos é pandemia silenciosa

A resistência antimicrobiana é um problema de saúde pública global, que ocorre quando microrganismos como bactérias, vírus, parasitas ou fungos resistem a tratamentos que antes eram eficazes

A resistência antimicrobiana é uma verdadeira ‟pandemia silenciosa”, um problema de saúde pública global, que ocorre quando microrganismos como bactérias, vírus, parasitas ou fungos resistem a tratamentos que antes eram eficazes. Para combatê-la no Brasil é urgente incorporar estratégias que permitam um diagnóstico mais rápido e acurado, otimizar o uso de dados em microbiologia e fomentar programas de gerenciamento de antimicrobianos (Antimicrobial Stewardship), pois uma das principais condições para que os microrganismos desenvolvam resistência é o uso inapropriado dessa classe de medicamentos.

Essas foram algumas das constatações do 1º Encontro de Resistência Antimicrobiana bioMérieux, que reuniu 68 profissionais de saúde em São Paulo, de hospitais, laboratórios, sociedades médicas e operadoras de saúde, no último dia 08 de novembro. O encontro foi dividido em oito painéis, que abordaram temas como diagnóstico molecular rápido como ferramenta para o uso racional de antibióticos, a importância do gerenciamento de informações, o impacto da hemocultura na gestão de medicamentos, o papel do diagnóstico no combate à resistência antimicrobiana e os diferenciais da microbiologia para mudar este cenário.

A resistência antimicrobiana está na lista da OMS como uma das dez principais ameaças globais à saúde. A estimativa é que, em 2019, mais de 1,27 milhões de pessoas tenham morrido de infecções resistentes a medicamentos no mundo, enquanto que bactérias multirresistentes poderão ceifar a vida de mais de 10 milhões de pessoas ao ano em 2050, o que corresponde a uma morte a cada três segundos. Esses dados estão disponíveis no Relatório Preparando-se para os supermicróbios: fortalecendo a ação ambiental na resposta à resistência antimicrobiana pela abordagem de Saúde Única, divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

‟O cenário é grave. Os níveis de resistência são muito altos, tanto no ambiente hospitalar quanto na comunidade e isso só pode ser combatido se adotarmos métodos de controle da prescrição, tanto na saúde humana, quanto animal”, afirmou o médico Alberto Chebabo, presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). ‟A SBI tem trabalhado em vários focos na questão, participando de ações no Ministério da Saúde e na Anvisa para melhorar a estrutura de diagnóstico dos hospitais, por exemplo, mas também cobrando das autoridades políticas mais amplas de controle desses antibióticos”, concluiu Chebabo.

Para o Dr. Hélio Magarinos Torres Filho, Diretor Médico do Richet Medicina & Diagnóstico, a chave para combater a resistência antimicrobiana passa por informação. ‟É essencial manter uma rede de controle do uso racional de antibióticos, com regras bem estabelecidas, e reunir os dados epidemiológicos sobre a resistência bacteriana em um sistema nacional, o que já existe em muitos países”. Outra necessidade destacada é o investimento em educação médica, a respeito de como funcionam os antibióticos, assim como ao público em geral. ‟A resistência antimicrobiana é um tema ainda distante da população, que não sabe como ela acontece e as formas de combatê-la”, completa.

Com a visão de uma instituição com expertise na implantação de programas de stewardship de antimicrobianos em outros hospitais, o vice-diretor de Qualidade e Pesquisa Clínica do Hospital Pequeno Príncipe, Fábio Motta, alerta que o diagnóstico tem de ser fortalecido como ferramenta, pois ainda é o pilar mais frágil dentre os principais que existem dentro da gestão. ‟Esse tipo de ação da bioMérieux é contundente por reunir experts com diferentes visões, abrindo caminhos para construirmos pontes e unir esforços para enfrentar o problema. O tempo é curto e precisamos tomar decisões para tentar impedir o avanço da resistência antimicrobiana no país.”

‟Defendemos e apoiamos iniciativas como esta, de conscientizar os profissionais e destacar o papel do diagnóstico, pois chama a atenção para um problema que vai nos impactar de forma irreversível se não agirmos rapidamente. É essencial unir a academia, o governo e a indústria nessa solução, pois segundo relatório recente da ANS, 47% da população praticamente não tem acesso a diagnóstico, uma importante ferramenta de promoção de saúde no Brasil”, avaliou Carlos Eduardo Gouvêa, diretor-executivo da CBDL (Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial), que reúne mais de 60 empresas do setor.

Em sua apresentação, o líder da CBDL detalhou o projeto do Observatório do Diagnóstico no Brasil, que pretende reunir os vários atores da academia, sociedades médicas, laboratórios e governo, e será estratégico para provocar as reais mudanças necessárias.

‟Na nossa visão, a resistência antimicrobiana é uma questão de saúde e também de responsabilidade social, pois o diagnóstico tem um impacto positivo no combate a essa ameaça. Queremos sensibilizar as autoridades públicas e privadas para a importância do diagnóstico, empoderando a microbiologia, a infectologia, a farmácia hospitalar, compartilhando opiniões e ideias que serão decisivas neste caminho. A resistência antimicrobiana é um problema de saúde global e todos temos a ver com isso”, concluiu Fernando Oliveira, Diretor-geral da bioMérieux Brasil.