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Biometano: Estudo da Roland Berger prevê R$ 200 bi/ano no Brasil até 2050

Potencial de produção de Biometano é estimado em cerca de 59 bilhões de metros cúbicos; regiões Sudeste e Centro Oeste têm capacidade para liderar a produção nacional

A corrida por soluções mais sustentáveis tem colocado o Brasil na dianteira das discussões. É o caso da produção de Biometano no país, que pode chegar a R$ 200 bilhões/ano até 2050, segundo estudo da consultoria estratégica alemã Roland Berger. Potencial de produção de Biometano é estimado em cerca de 59 bilhões de metros cúbicos; regiões Sudeste e Centro Oeste têm capacidade para liderar a produção nacional

O Biometano, ou gás natural renovável obtido a partir de resíduos essencialmente orgânicos, proveniente das atividades agroindustriais (esterco de boi, vegetais descartados, por exemplo), lixo gerado pelos centros urbanos ou proveniente de estações de tratamento de esgoto, é uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis, liderando as iniciativas de descarbonização.

A Roland Berger estima que o potencial teórico do Biometano é de 59 bilhões de metros cúbicos/ano, número que supera a produção de gás natural em 2022, que foi de 50,3 bilhões de m³, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).  No levantamento da Roland Berger, São Paulo é o estado com maior potencial produtivo anual: 18,1 bilhões de m³. Em seguida vem Minas Gerais (7,5 bi m³), Goiás (6,9 bi m³) e Mato Grosso do Sul (4,7 bi m³).

A produção do Biometano se dá por meio da purificação do biogás, uma mistura de gases que têm como origem o processo natural de decomposição de resíduos orgânicos em ambientes onde não há troca de ar – a digestão anaeróbica. Com baixa ou zero emissão de carbono, o Biometano se firma como alternativa sustentável aos combustíveis fósseis e tem alto potencial para descarbonizar diferentes setores como o de bens de produção, eletricidade e transportes. É algo especialmente atrativo no Brasil, que depende muito do gás natural para fins industriais e residenciais.

“A previsão é que, até 2050, a demanda doméstica por produtos de gás natural e derivados deverá crescer de forma constante, atingindo cerca de 80 bilhões de metros cúbicos por ano. Já a penetração de mercado do biometano no Brasil, atualmente em apenas 4%, tem potencial de aumentar para 10% até 2030 e 50% até 2050”, aponta João Martins, gerente de projetos sênior da Roland Berger.

Na visão de João Martins, o Brasil depende do gás natural e a tendência é de o Biometano ocupar um papel cada vez mais relevante para a produção de calor industrial, geração de eletricidade e até para o transporte. A previsão é de a demanda por produtos de gás natural – principal mercado para o uso do Biometano – cresça de forma constante, atingindo cerca de 80 bilhões de metros cúbico/ano até 2050.  

Desse total, a maior parte será consumida pelo setor industrial com a geração de calor (caldeiras, fornos etc.); seguida pelo setor elétrico, especialmente com as usinas termoelétricas, que podem substituir o gás natural convencional pelo Biometano, e finalmente uma fração menor para o transporte – a frota brasileira movida a gás natural veicular (GNV) está em crescimento e é a quarta maior do mundo. Esse movimento tende a crescer porque o Biometano representa uma alternativa eficiente em termos de sustentabilidade para substituir o diesel como combustível nos caminhões de carga. 

Outro fator que pode impulsionar a produção do Biometano, explica a Roland Berger, é a adoção de metas de ESG cada vez mais agressivas por parte das empresas. Ao longo do tempo, o setor industrial tem sido estimulado a promover mudanças em suas cadeias de geração de energia, buscando soluções mais sustentáveis. Assim, o mercado avalia o Biometano como uma forma de alavancar as reduções de emissões de gases poluentes, bem como terem a opção de diversificar o mix de portfólio e oferecer produtos verdes diferenciados.

João Martins assinala que o histórico de projetos de biogás no país mostra predominância do uso de resíduos urbanos como matéria prima para a digestão anaeróbica. Porém, hoje vemos uma tendência para explorar outras formas de obter o Biometano utilizando resíduos agroindustriais e dejetos de animais como matéria-prima.

O estudo aponta que projetos com produção de mais de 20 milhões de metros cúbicos se mostram competitivos em relação ao gás natural e que o Biometano se torna cada vez mais atrativo conforme a escala de produção aumenta. “A produção de biogás tem crescido e a atualização para Biometano está se tornando mais comum. À medida que os resíduos urbanos atingem seu limite, outras matérias-primas alternativas devem ser consideradas. Hoje, apenas 50% do potencial teórico de produção de Biometano a partir de resíduos urbanos está facilmente disponível devido a limitações nos processos de reciclagem e coleta dos mesmos”, reforça o João.

O estudo da consultoria ressalta que, combinado com outras alternativas sustentáveis, como o Hidrogênio verde, o Biometano está liderando o caminho como uma das principais alternativas aos combustíveis fósseis, na vanguarda dos esforços globais de descarbonização.

No Brasil, especialmente, o mercado para esse tipo de gás é bastante promissor, já que o país tem potencial produtivo capaz de atender a mais de 100% do mercado de Biometano segundo estimativas atuais. É um caminho que faria região se sobressair em relação ao mundo nos esforços para a limitação dos efeitos negativos do aquecimento global causado pelas emissões de CO².