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Saúde

Hipertermia: o perigo do calor extremo

A Europa viveu ondas de calor extremo no verão de 2022, considerado o mais quente da história no continente. Londres chegou a ultrapassar a marca dos 40ºC pela primeira vez desde o início dos registros. Um estudo publicado nesta segunda-feira (10) pela revista científica Nature Medicine apontou que mais de 61 mil pessoas morreram de calor no continente no ano passado.

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, analisou dados de mortalidade de 15 países europeus e concluiu que as ondas de calor causaram um aumento de 38% na taxa de morte. O maior impacto foi observado em idosos, pessoas com doenças crônicas e pessoas que viviam em áreas urbanas.

Os pesquisadores alertam que as ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas. Eles afirmam que é importante adotar medidas para se proteger do calor, como ficar em ambientes frescos, beber muita água e evitar exercícios físicos extenuantes.

A chave deste processo de degradação do estado de saúde provocado pelo calor é a “hipertermia“: quando o corpo fica com uma temperatura mais elevada do que normal, levando a desequilíbrios graves.

O que o médico traduziu popularmente como ‘cozinhar’ por dentro é o processo que começa na alteração das proteínas presentes no sangue e termina com complicações em órgãos vitais 

De acordo com Priscila Currie, paramédica brasileira que atua em Londres, as maiores ocorrências envolvendo o calor são de pessoas desmaiando, desidratadas e com insolação. Pessoas que já possuem doenças cardiovasculares também sofrem com o clima quente, que exacerba esse tipo de problema.

“Não é porque os britânicos são diferentes dos brasileiros. A infraestrutura é a questão, as casas foram feitas para manter o calor dentro, é um país frio. No verão, na Inglaterra, não costuma passar dos 33ºC e, mesmo quando passa, não dura o dia inteiro, chove depois. As crianças, ao crescer, aprendem a lidar com o frio, mas não com o sol”, afirma a paramédica, formada pela St George’s University.

Como é possível morrer de calor?

É possível dizer que existem três tipos de hipertermia diferentes: a clássica, ligada à exposição excessiva ao calor e ao sol; a de esforço físico, quando o paciente faz a atividade e o corpo não consegue retomar a temperatura normal; e a maligna, que é resultado do uso de determinados medicamentos, como analgésicos.

A hipertermia clássica geralmente acomete moradores de regiões que têm um clima ameno, mas passam por fortes ondas de calor — caso dos registros atuais na Europa.

“Uma pessoa que fica com temperaturas altas durante muito tempo sofre hemólise, que é a destruição dos glóbulos vermelhos. O corpo começa a alterar as proteínas sanguíneas, e temos que lembrar que tudo no nosso corpo é proteína. Anticorpos, células, glóbulos brancos, o plasma sanguíneo, tudo isso começa a ser desnaturado. (…) A frequência cardíaca sobe muito, rins, fígado e cérebro passam a ter dificuldade de funcionamento”, explicou Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventiva.

Sintomas

Alguns dos sintomas mais frequentes da hipertermia são:

  • Transpiração excessiva;
  • Dores de cabeça;
  • Tontura;
  • Fraqueza;
  • Cãibras;
  • Alucinações;
  • Convulsões;
  • Pressão arterial baixa;
  • Respiração curta e acelerada;
  • Desmaios;
  • Náuseas e vômitos.

Caso o paciente apresente os sintomas e não receba atendimento médico, a hipertermia pode levar à morte. O tratamento para evitar o desfecho é feito por “métodos de restauração mecânicos”, como banho gelado e o uso de ventiladores. Toalhas molhadas e refrigeradas também podem contribuir para a diminuição do dano.

Já nos casos em que há a desidratação associada aos efeitos das altas temperaturas, os médicos podem fazer o uso de injeções intravenosas dos líquidos. Segundo a Rede D’Or, é importante ressaltar que os medicamentos que geralmente regulam a temperatura do corpo contra a febre não fazem efeito contra a hipertermia.

De G1.

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