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Política

Aras tenta a recondução, mas é pouco provável que seja mantido no cargo

O procurador-geral da República, Augusto Aras, está tentando a recondução ao cargo, mas é pouco provável que seja mantido. Aras foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019 e seu mandato termina em agosto de 2023.

Aras tem recebido elogios de petistas e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas também tem sido criticado por sua atuação em diversos casos, como o da Lava Jato e o do assassinato de Marielle Franco. Ele também foi acusado de ser parcial em favor do governo Bolsonaro.

Apesar dos elogios, é provável que Aras seja substituído pelo próximo presidente da República. Lula já disse que pretende indicar um procurador-geral da República que seja “independente e comprometido com a justiça”.

Aras ainda pode tentar se manter no cargo se convencer o Senado a aprovar sua recondução. No entanto, é uma tarefa difícil, já que o Senado é controlado pela oposição.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), defenderam publicamente a atuação de Aras. Para o integrante da Esplanada, o procurador-geral teve a “virtude de enfrentar a avalanche de perseguição e o lavajatismo”. O parlamentar, por sua vez, afirmou que Aras reduziu “excessos” e prestou um “serviço importante para o Brasil”. Uma ala do PT também avalia que ele jamais seria hostil a Lula, inclusive por uma questão familiar: Roque Aras, pai do procurador-geral, era filiado ao PT e foi candidato ao Senado na Bahia pelo partido.

A defesa da permanência, no entanto, tem pouca adesão no entorno de Lula e divide o próprio PT. Segundo relatos feitos ao GLOBO, segue como favorito ao posto o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, que tem o apoio de nomes como os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com auxiliares, Lula ainda não decidiu sobre o nome que comandará a PGR e, conforme a colunista Bela Megale, o presidente não tem se mostrado simpático à ideia de reconduzir Aras para os poucos que tentaram convencê-lo a mantê-lo no posto.

— Possivelmente, vou conversar com o Aras e com outras pessoas, e eu vou sentir o que pensam. No momento certo eu indicarei — disse Lula na semana passada à TV Record.

O grupo que endossa Aras defende que ele é ponderado e não adotou posturas radicais. Um dos entusiastas, segundo interlocutores, é o ex-deputado federal petista João Paulo Cunha, que atua como advogado e chegou a ser preso no mensalão. O procurador-geral tem bom trânsito no Congresso, incluindo com nomes ligados ao Planalto, como o líder do União Brasil no Senado, Davi Alcolumbre (AP).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também já defendeu publicamente a recondução. Em 2021, quando foi aprovado para um novo biênio, Aras recebeu os cumprimentos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enquanto ainda era sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Por outro lado, há um bloco que vê como inadmissível a conduta de Aras durante a pandemia e avalia que o procurador-geral falhou na contenção ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante o avanço da Covid-19. Um dos eixos da “campanha” do procurador-geral é justamente defender sua atuação na crise sanitária. Em relatório que será lançado nas próximas semanas, a que O GLOBO teve acesso, ele pontua que a PGR agiu de forma “atenta, proativa e coordenada”.

De O Globo.