Na Escola Estadual Ministro Waldemar Pedrosa, localizada no município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), a busca por um ambiente escolar de qualidade, por meio da interdisciplinaridade, tem rendido frutos positivos e motivos de comemoração neste Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola (07/04). Há quatro anos, a escola tem em seu plano diretor um projeto que estimula ações de diversidade na rotina escolar de estudantes do Ensino Fundamental I, matriculados na unidade de ensino.
A princípio, a iniciativa, que na época foi denominada como “Soltando a voz: eu tô melhor agora!”, tomou forma após o tema ter conquistado destaque com a implementação da Lei 13.185/2015, do Programa de Combate à Intimidação Sistemática, conhecida também como Lei Antibullying, explicou a professora Mary Sônia Dutra, mentora do projeto e docente há mais de 32 anos. A Lei Antibullying, inclusive, fez parte das discussões entre os alunos participantes da primeira edição do projeto, ainda em 2019.
“No primeiro ano das atividades, iniciamos por meio de uma assembleia que abordava as situações de convivência na escola e tinha o objetivo de introduzir e explicar o conceito. O próximo passo foi conhecer e estudar a Lei Antibullying, interpretando o texto e desvendando os termos desconhecidos pelas crianças”, contou a professora.
Neste primeiro momento, os alunos da época produziram cartazes, poemas, vídeos e fotografias com o objetivo de disseminar respeito, inclusão e empatia. Com o retorno às aulas presenciais em 2022, o projeto também passou a trazer em si a prática da iniciação científica aos alunos, de acordo com Mary Sônia.
“A partir da reflexão de diferentes gêneros textuais, nossos alunos começaram a consumir e produzir textos e pesquisas sobre diversidades regionais, raciais, culturais e outras. Entendemos que o bullying vem do desconhecimento das mesmas, daí surgem as piadas, os desentendimentos, por isso buscamos atuar nesse sentido”, detalha a professora.
Atividade contínua
Com a iniciação científica, vieram as participações em feiras de ciências, tanto em Parintins, no Amazonas, quanto em Pomerode, município de Santa Catarina, onde alunos das escolas estaduais Waldemar Pedrosa e E.E. Nossa Senhora do Carmo, também de Parintins, receberam o terceiro lugar da categoria “Ensino Fundamental I – Anos Iniciais”, na Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic), em novembro do último ano.
A colocação dos estudantes, conquistada com a apresentação das iniciativas do projeto “Somos Todos Diferentes #TamosJuntos”, em parceria com o projeto “Poemas de Bumbás – Minha História, Minha Vida e Minha Identidade”, os credenciou às próximas edições da feira neste ano, nos estados do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.
“A parceria com outras escolas da cidade mostra que podemos construir algo grande, que mude a realidade escolar de um local. Conseguimos alcançar muitos jovens, que hoje enxergam e se interessam pelo conhecimento de um jeito diferente. O respeito pelo próximo é o caminho a se seguir na construção de um cidadão”, enfatizou a professora Mary Sônia.
Florescimento
Após quatro anos de implementação do projeto, muitos daqueles que em 2019 eram crianças do Ensino Fundamental I, hoje já são adolescentes próximos a cursar o Ensino Médio. Para Mary Sônia, as mudanças que começaram lá atrás já podem ser percebidas e germinadas na cabeça destes que hoje seguem em outra fase do desenvolvimento escolar e pessoal.
“Nós conseguimos ir além da sala de aula. Hoje, percebo os alunos saindo do Ensino Fundamental e se interessando em continuar nos projetos de pesquisa. Temos exemplos de estudantes que saíram do colégio, mas levaram para o novo (colégio) a ideia e estão desenvolvendo suas próprias iniciativas. Isso é fenomenal, diferente. Temos uma continuidade, porque eles acreditam no que construímos”, destacou a educadora.
O projeto de Mary Sônia, profissional da educação estadual da Secretaria de Educação, ganhou destaque também na mídia nacional, no veículo Gazeta do Povo, quando foi pauta na coluna “Ler e Pensar”, que é destinada para iniciativas inovadoras que pensam a educação brasileira.
Atualmente, a Escola Estadual Waldemar Pedrosa funciona nos períodos matutino e vespertino, atendendo a mais de 430 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
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