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Não imaginava liderar a Igreja durante a ‘Terceira Guerra Mundial’, diz Papa Francisco

Entrevista foi dada ao programa oficial do Vaticano Popecast, publicada nesta segunda-feira

Papa Francisco declarou, nesta segunda-feira, que não imaginava que seria o pontífice durante o que chamou de “Terceira Guerra Mundial”, referindo-se ao conflito na Ucrânia. A afirmação foi dita em entrevista a um podcast do Vaticano, batizado de popecast, na ocasião da celebração dos dez anos de seu papado.

— Não esperava. Achei que a Síria ia ser única (guerra), aí vieram as outras (…) Sofro ao ver jovens morrendo, sejam eles russos ou ucranianos, não me importa, não voltando. É difícil — diz o pontífice durante a entrevista, antes de declarar o que desejaria ganhar de presente de aniversário: — Paz, nós precisamos de paz.

— Por trás das guerras existe a indústria de armas, isso é diabólico — completou.

Ainda sobre a década à frente da Santa Sé, o Papa Francisco afirma no podcast que foram anos vividos sob tensão:

— O tempo voa… está com pressa. Quando você quer agarrar o hoje, já é ontem. Viver assim é algo novo. Esses dez anos foram assim: vivendo em tensão — disse.

Nesta segunda-feira, o Papa Francisco agradeceu aos fiéis pelas orações recebidas ao longo dos 10 anos à frente do comando da Igreja Católica. Em seu perfil no Twitter, o pontífice argentino, de 86 anos, também pediu aos católicos que continuem rezando por ele.

Desde 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio sempre esteve envolvido em assuntos polêmicos, que dividem opiniões dentro do Clero. Das reformas religiosas à diplomacia, passando pelo combate à pedofilia, o jesuíta enfrenta resistência de grupos conservadores e já assinou carta de renúncia em caso de impedimento médico. Relembre abaixo alguns episódios marcantes da trajetória do argentino.

Reformas

O Papa Francisco trabalhou para implementar uma reforma de longo alcance da Cúria romana – o governo central da Santa Sé – para torná-la mais atenta às igrejas locais. O pontífice argentino queria descentralizar a instância e dar mais espaço aos laicos e às mulheres.

Essas reformas, por vezes criticadas internamente, materializaram-se com a entrada em vigor, em 2022, de uma nova Constituição, que reorganiza os departamentos (ministérios) e prioriza a evangelização.

Francisco também renovou o obscuro e escandaloso setor financeiro do Vaticano, criando em 2014 um Secretariado de Economia, além de implementar uma estrutura de investimento e medidas anticorrupção. Ele também ordenou o reajuste do Banco do Vaticano, com o fechamento de 5 mil contas.

Essas mudanças foram afetadas pela pandemia de Covid-19 e pelo choque do caso Becciu, um proeminente cardeal italiano julgado por uma aquisição imobiliária sem transparência por parte da Santa Sé.

De O Globo.