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Má saúde bucal pode causar endocardite, alerta SBC

Um tipo de doença cardiovascular, a endocardite infecciosa se instala quando bactérias causadoras de cáries, gengivite e periodontite penetram na corrente sanguínea, informa a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Para evitar essas e outras doenças cardiovasculares, dentista explica como cuidar da saúde bucal.

Como vários estudos já indicam, cuidar da saúde bucal é importante para evitar doenças em outros órgãos do corpo, como o coração. Alerta da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) informa que bactérias causadoras de cáries, gengivites e periodontites, como os estreptococos, penetram na corrente sanguínea e são levadas até uma válvula do coração ou a outra área danificada do endocárdio, onde se fixam, iniciando o processo que pode levar à endocardite.

No endocárdio, os micro-organismos patogênicos se multiplicam formando vegetações – estruturas constituídas por restos celulares, plaquetas, fibrina e bactérias – que podem destruir a válvula e comprometer o funcionamento do coração. Com isso, segundo as informações da SBC, esse órgão passa a ter grande dificuldade para bombear o sangue, o que já revela um sinal indicativo de insuficiência cardíaca.

Com mais de 10 anos de experiência em Odontologia, o cirurgião-dentista Rafael Alves Busquet da Silva confirma essa relação entre má saúde bucal e doenças cardiovasculares. Ele explica que a boca abriga, pelo menos, 700 tipos de bactérias. Junto com restos de alimentos, elas formam a placa bacteriana sobre os dentes, e precisa ser removida diariamente.

“Esses problemas, a médio e curto prazos podem se transformar em cáries, gengivite (inflamação da gengiva) e periodontite (inflamação dos ligamentos e ossos que dão suporte aos dentes). É neste ponto que o coração entra em perigo. Por meio da gengivite e periodontite, as bactérias da boca caem na corrente sanguínea”, diz, acrescentando que além da endocardite, esses problemas podem causar também aterosclerose, arritmia, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. “A inflamação oral ainda aumenta os níveis da proteína C-reativa, produzida no fígado e associada a acidentes cardiovasculares”, completa.

Segundo o profissional, medidas de boa higiene oral e visitas regulares ao dentista são cuidados indispensáveis a todos, principalmente aos pacientes portadores de cardiopatias. “Pacientes com condições cardiovasculares necessitam de cuidados odontológicos direcionados atendendo as especificidades de cada doença e evitando, assim, alguma possível intercorrência. Em algum destes pacientes o protocolo de profilaxia antibiótica é prescrito antes de procedimentos odontológicos”, diz.

O cirurgião dentista também comenta que alguns sinais mostram que a saúde bucal não vai bem. Entre eles está a dor de dente, gengiva com edemas ou sangrando, acúmulo de placa bacteriana, sensibilidade dental, mau hálito e abscessos. Para evitar esses problemas, a recomendação do profissional é clara:

“As consultas de rotina devem ser feitas a cada seis meses e sempre que o paciente observar algum tipo de alteração na boca. Raspagem e profilaxia da cavidade bucal, avaliação clínica em busca de algum processo inflamatório de origem periodontal, presença de cáries, substituição ou reparo de restaurações defeituosas que possam acumular restos alimentares são alguns procedimentos que precisam ser realizados”, detalha Rafael Buquet da Silva.

Saúde bucal ruim também pode causar demência e declínio cognitivo

Um estudo publicado pelo Jornal da Sociedade Americana de Geriatria em setembro de 2022 sugere que a saúde periodontal ruim pode estar associada ao declínio cognitivo e demência. Por meio de análises de bancos de dados eletrônicos, os pesquisadores separaram 47 estudos mais relevantes sobre o tema até abril do ano passado.

Esses estudos mostraram que saúde periodontal ruim – aquela formada pela presença de periodontite, perdas dentárias, bolsas periodontais profundas ou perda óssea alveolar – pode ter relação com o declínio cognitivo e demência. Em análise adicional, os pesquisadores encontraram associações indicando que a perda de dentes aumenta o risco de aparecimento das duas patologias.

No estudo, os pesquisadores também apontaram que as evidências disponíveis atualmente sobre a associação de saúde periodontal com declínio cognitivo ainda não são suficientes para identificar o problema precocemente em indivíduos de risco. Por conta disso, é importante prestar atenção em medidas de prevenção, especialmente quando se tratar de pessoas que já possuem algum comprometimento cognitivo ou apresentam sinais de aparecimento de demência.

Acompanhamento e suporte adequado em saúde bucal e atendimento periodontal, inclusive oferecendo os serviços diretamente em domicílios quando se observar que não os pacientes não têm condições de manter o autocuidado sozinhos, são as principais recomendações dos pesquisadores listadas no estudo.