As consequências das mudanças climáticas sobre o ciclo da água tornaram-se preocupantes nos últimos anos para os municípios, e já impactam duramente a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, com inundações ou incêndios.
Os prejuízos podem ser sentidos nos mais diversos ecossistemas, nos sistemas alimentares, nos meios de subsistência, na indústria e diretamente na disponibilidade e custo para o âmbito social.
“Devido ás tendências atuais do clima será preciso avançar com o planejamento hidrológico e adotar medidas adequadas para diminuir os impactos das inundações como o mapeamento dos locais onde ocorrem, identificação das áreas de riscos e sistemas de alerta e prevenção”, enfatiza a ambientalista Vininha F. Carvalho e editora da Revista Ecotour News & Negócios.
De acordo com o primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), até 2100 as temperaturas no Brasil devem subir entre 1ºC e 6ºC em comparação ao que foi registrado no fim do século XX. A ocorrência de secas e estiagens prolongadas também deve se intensificar nas próximas décadas, principalmente no fim deste século.
O relatório fez projeções específicas para cada uma das regiões do país. A conjuntura desenhada por ele não é muito diferente daquelas estabelecidas por outras instituições internacionais ao longo dos últimos anos.
A crise da água tem estado presente em todos os anos, desde 2012, entre os cinco maiores perigos na lista de Riscos Globais por Impacto do Foro Econômico Mundial. A escassez hídrica é um problema, as alterações climáticas poderão potencializar e resultar em longos períodos de estiagem, com a ampliação de zonas áridas. Portanto, medidas para controlar os impactos das alterações climáticas são fundamentais.
Segundo o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), mais de 300 cidades tiveram impactos significativos em várias regiões do país no ano passado. Já no Rio Grande do Sul, 458 municípios foram afetados pelas inundações, a maior tragédia ambiental da história do Brasil em termos de infraestrutura e áreas afetadas.
No Brasil 73% da população vivem nos municípios suscetíveis a passar por algum episódio de alagamento, inundação, enxurrada ou deslizamento de terra. Esses são os tipos de desastres relacionados a eventos extremos de chuvas.
Segundo Maurício Vizeu de Castro, diretor de Meio Ambiente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente (Apecs) e engenheiro pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), as mudanças climáticas trouxeram novos desafios para as cidades. Está comprovado que a grande maioria delas não tem condições de enfrentar as novas adversidades provocadas pelo clima, com períodos de muitas chuvas intercalados com fases de seca.
“É fundamental que a sociedade se prepare para enfrentar os impactos que já estão acontecendo. A população sofre com os efeitos devastadores dessas mudanças climáticas. Será preciso desenvolver construções com infraestruturas mais adequadas e o uso inteligente dos recursos naturais. Para lidar com essa situação algumas ações precisam ser incentivadas, a redução de emissões de gases do efeito estufa e a adaptação aos impactos já existentes”, conclui Vininha F. Carvalho.