Entre outubro de 2020 a dezembro de 2023, os piratas de rios roubaram mais de 7,7 milhões de litros de combustíveis, totalizando R$ 48 milhões em prejuízos provocados em ataques contra embarcações das transportadoras amazonenses
Os dados fazem parte do levantamento inédito realizado pelo Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma) e não inclui outros tipos de cargas transportadas, equipamentos, itens danificados e roubados, como botes de apoio operacional, valores de refrete, multas, custos com reposição, consertos e ataques diretos contra tripulantes.
De acordo com o vice-presidente do Sindarma, Madson Nóbrega, nestes 39 meses houve um aumento de 105,6% nos roubos em comparação com os anos anteriores e o período com maior número de ocorrências foi em 2022, com oito grandes assaltos e 3 milhões de litros levados pelas quadrilhas para serem comercializados ilegalmente.
No ano seguinte (2023), quando as transportadoras, por iniciativa própria, contrataram escoltas privadas armadas para fazer a segurança e acompanhar os comboios de balsas, a quantidade de combustível roubado caiu quase pela metade.
“Desde então, as distribuidoras, depois de longa conversa com as empresas, resolveram apoiar a iniciativa dos transportadores sobre a guarda armada. A outra opção seria paralisar e deixar a população, cidades, hospitais e o comércio no interior desabastecidos. Mas a redução não significa que as tentativas acabaram. Todos os dias há troca de tiros, ameaças e ocorrências”, alertou.
INVESTIMENTOS
Além das escoltas armadas privadas, o dirigente do Sindarma ressalta que as transportadoras seguem investindo na segurança das tripulações e das embarcações, com a implantação de sistemas de câmeras que transmitem imagens para centrais, aquisição de painéis de energia solar e antenas móveis para assegurar acesso à Internet, e ainda sistemas de iluminação, alarmes de pânico, invasão e treinamento dos marinheiros para casos de abordagens.
Diante destas ações, Nóbrega adverte que as quadrilhas passaram a direcionar seus alvos para comboios que transportam outros produtos na orla de Manaus e embarcações atracadas nos portos, como aconteceu em janeiro deste ano, quando o tripulante de uma transportadora amazonense foi assassinado por piratas enquanto trabalhava em uma balsa fundeada em Porto Velho (RO).
“As transportadoras não tem condições de resolver sozinhas o problema da segurança pública fluvial no Amazonas e na região. Os custos são elevados, não há agentes privados capacitados para atender toda frota e as distâncias são grandes. Seguimos em permanente diálogo com o Poder Público para evitar que um problema maior possa acontecer, como o vazamento de combustível ou o ataque a um barco de passageiros”, acrescentou.
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