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Sete a cada dez alunos brasileiros não aprenderam o básico em Matemática, diz Pisa

Rovena Rosa/ Agência Brasil

Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) divulgados, nesta terça-feira, mostram que cresceu o volume de estudantes brasileiros que não conseguiu atingir o que a OCDE considera um patamar mínimo de aprendizagem em Matemática para a idade. Esse patamar subiu de 60% para 73%, entre 2018 e 2022. A média da OCDE é de apenas 31%.

A cada três anos, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulga o resultado da prova do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que avalia a qualidade de ensino em 79 países. Nesta terça-feira (5), serão divulgados os dados da avaliação mais recente, realizada em 2022. O Brasil é um dos países que participaram de todas as edições do programa, que foi implementado pela primeira vez em 2000.

Já em Leitura e Ciências, o nível de brasileiros que não atingiram o Nível 2 de proficiência se manteve estável, mas ainda muito acima dos jovens do grupo de países desenvolvidos.

O que é avaliado?

A prova avalia Leitura, Matemática e Ciências. A cada edição, uma dessas competências é definidade como prioritária e um domínio inovador para avaliar a proficiência dos alunos é escolhido. No Pisa 2022, o foco foi Matemática e o tema pensamento criativo.

O objetivo do exame não é avaliar somente o domínio dos jovens sobre os conteúdos aplicados em sala de aula, mas também observar se eles conseguem aplicar esse conhecimento na vida real, em cenários em diferentes ambientes e contextos sociais, tanto dentro como fora da escola.

Quem faz as provas?

Todos os participantes devem ter 15 anos — idade próxima ao final da educação básica — para que seja possível comparar os diferentes níveis de formação dentro da mesma faixa etária. Em cada país, é selecionada uma amostragem: ou seja, um grupo de escolas que representem uma parcela significativa da população, a fim de mimetizar as diferentes condições sociais e econômicas da região. A amostra, portanto, deve entregar um resultado médio condizente com as condições de ensino em larga escala.

O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022, divulgado nesta terça-feira (5) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que alunos usuários de smartphones e outros dispositivos digitais de cinco a sete horas por dia tiveram pontuação menor nos testes.  

“Na média nos países da OCDE, os estudantes que passam até uma hora por dia na escola em dispositivos digitais para lazer obtiveram 49 pontos a mais em matemática do que os alunos cujos olhos ficavam grudados nas telas entre cinco e sete horas por dia, depois de levar em conta o perfil socioeconômico dos alunos e das escolas”, informa o relatório. Aplicado a cada três anos, o Pisa avalia os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade nas três disciplinas. No total, 690 mil estudantes de 81 países fizeram os testes em 2022. A edição teve como foco o desempenho em matemática.

Distração 

Cerca de 65% dos estudantes afirmaram que ficaram distraídos nas aulas de matemática por estar usando celular e outros dispositivos, como tablets e laptops.  

No Brasil, esse percentual chegou a 80%, assim como na Argentina, no Canadá, Chile, na Finlândia, Letônia, Mongólia, Nova Zelândia e no Uruguai. 

Outros 59% relataram que a distração foi causada por colegas estarem usando os dispositivos. “Alunos que relataram se distrair com outros alunos usando dispositivos digitais, na maioria, ou em todas as aulas de matemática obtiveram 15 pontos a menos nos testes de matemática do Pisa do que aqueles que mal experimentaram essa experiência. Isso representa o equivalente a três quartos do valor de um ano de educação, depois de contabilizados os alunos e o perfil socioeconômico das escolas”, aponta o relatório. 

Em países como o Japão e a Coreia, o nível de distração relatado pelos alunos foi de 18% e 32%, respectivamente. As nações estão entre as melhores colocadas no Pisa, com pontuações acima da média da OCDE.

Com informações da Agência Brasil e O Globo