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Dez destaques do novo Show da ‘Celebration Tour’ de Madonna

Se tudo der certo, esta deverá ser uma das melhores turnês da carreira de Madonna. Seria a última?

A noite de sábado (14) foi animada para os que aguardavam a estreia da “Celebration tour”, a turnê de Madonna que celebra as quatro décadas de carreira da rainha do pop. As primeiras fotos e vídeos começaram a circular nas redes sociais assim que o show começou, no início da noite. E ainda que o diretor musical da turnê, o DJ e produtor Stuart Price, tenha reforçado a fama de perfeccionista da loura, boa parte dos fãs não sabia exatamente o que esperar, já que ninguém sabia exatamente como Madonna estaria após a internação, em junho.

Assim que os vídeos começaram a mostrar a Madonna de sempre, todo mundo respirou aliviado. As críticas, publicadas horas após a estreia, trazem elogios rasgados ao concerto pop. O jornal “The New York Times” destacou a audiência transgeracional de Madonna na plateia, ressaltando as muitas jovens vestidas com looks icônicos de Madonna, popularizados em “épocas em que elas sequer haviam nascido”. A revista “Variety” estampou no título da crítica que “Madonna ainda é a rainha do pop em exercício”. A BBC disse que “Madonna apresenta as joias da Coroa”, enquanto a “Rolling Stone” cravou: “A coroa do pop ainda é de Madonna”.

A julgar pelos vídeos que circulam na web desde sábado é possível entender o porquê. São centenas de trechos postados, com direito ao show completo transmitido para vários perfis do Instagram e do Youtube. Se o show foi descrito por alguns como um “documentário musical” de Madonna, aqui vão alguns detalhes sobre dez momentos marcantes que estão a circular web abaixo.

1. Entrada triunfal

Nada acima, nada “abajo”, nada ao lado, tudo ao centro: Madonna entrou em cena cantando “Nothing really matters” no meio de um palco circular, abaixo de uma auréola gigante. A faixa chega com o mesmo tratamento original assinado por William Orbit no álbum “Ray of light” (1998). Madonna surgiu elegantérrima, embrulhada numa nova versão do quimono de Jean Paul Gaultier, que a vestiu tanto no clipe oficial da faixa quanto na cerimônia de entrega do Grammy de 2000. No palco deste sábado, os versos “nada realmente importa/ tudo o que dou para você volta para mim”, originalmente escritos para Lourdes Maria, sua filha, foram ressignificados como uma carta de amor aos fãs na festa das quatro décadas de carreira.

2. Momento ‘bate-o-cabelo-tá-meu-bem’

“Vogue” é mais do que uma música. É uma espécie de tradução audiovisual de uma cultura underground, que celebra uma estética construída sobre os pilares do acolhimento de uma geração. As “houses”, ou os “clãs” de “voguing”, nada mais são do que núcleos de amigos que se juntam para escapar da realidade dura em que vivem. Quando dá. Nos anos 80, boa parte destes jovens, egressos de camadas mais vulneráveis da sociedade, enfrentavam o estigma da Aids. Naquela época, Madonna identificou tal cultura e a traduziu para as massas, conferindo uma visibilidade nunca experimentada por aquelas pessoas.

O peso dos versos “não importa se você é branco, preto, homem ou mulher / Eu conheço um lugar para onde você pode fugir / É a pista de dança” foi percebido pelo “fandom”, tornando Madonna uma das maiores defensoras da comunidade gay no mundo. Por isso, não foi aleatória a presença de Bob The Drag Queen como mestre de cerimônias em “Vogue” na “Celebration tour”.

O número começa com a voz de Beyoncé reverenciando “Queen Mother Madonna” na versão “Queens remix” de “Break my soul”. No palco rotativo, que faz referência ao bolo de casamento de “Like a virgin”, surgem os “clãs” de dançarinos que tomarão o palco em minutos. Entra em cena Bob The Drag Queen, que serve como o MC da noite. Ele apresenta a jurada principal daquele concurso, Madonna. Antes de tomar seu lugar, um vídeo com imagens dos anos 80 e 90, quando a Aids dizimava toda uma comunidade, é projetado no telão. Lola sobe ao palco para fazer o papel de “jurada” do concurso, ao lado da mãe. E Bob vai conduzindo a diversão, introduzindo cada grupo mandando o clássico “Category is…” dos concursos de “voguing”. O número se encerra com a apresentação de Estere, filha da Madonna, jogando o cabelo como se não houvesse amanhã. Tá, meu bem?

3. Bob The Drag Queen

Mas afinal de contas, quem é Bob The Drag Queen? Vencedor do reality show “RuPaul’s Drag Race” em 2020, Bob nasceu como Christopher Caldwell, em 1986. O ano ano em que “Live to tell” liderava a parada Billboard. Bob soube ser o partner de palco perfeito para a diva. Ajudou no improviso do início do show, quando uma das traquitanas do palco deu pane, momento que você confere no link abaixo. E encaminhou belamente o início do show, vestido no look de “Vogue” a cerimônia do Video Music Awards de 1990. aSó falta o pessoal da lojinha disponibilizar o leque de Bob para venda. Eu quero um right now, dahling!

4. Autofágica

“Madonna é autofágica”, diz o diretor teatral Charles Moëller ao conferir, via Instagram, a imagem em que a loura aparece numa camisola vermelha, deixando à mostra os braços flácidos. Se por um lado, uma das críticas recentes do fandom de Madonna são os filtros de imagems que ela utiliza em suas postagens, considerados por muitos como exagerados, nos shows ao vivo ela não hesita em mostrar a própria pele. A faixa é “Bad girl”, e as botas são as mesmas usadas na primeira parte da turnê “Sticky and Sweet”, de 2008. Se alguém tem um problema com o envelhecimento, Madonna não parece uma dessas pessoas. E isso não quer dizer que ela vá se tornar a Dona Benta. Madonna ainda quer contar histórias, mas longe das cadeiras de balanço.

5. Michael Jackson: o único par possível

Um dos interlúdios da “Celebration tour” mostra as silhuetas da Madonna de “Like a virgin” e o Michael Jackson de “Billy Jean” em dueto. Um mash-up dos clássicos embala a coreografia que disputa o telão com imagens reais dos eventos em que a rainha e o rei do pop apareceram juntos ao longo da vida. Um mix de branding, publicidade, manipulação e amizade verdadeira. As trajetórias de Michael e de Madonna estarão para sempre entrelaçadas. Agora também por esta nova imagem das silhuetas inconfundíveis que já nasce um hit.

6. Profana

Se tem um superstar surgido recentemente que está seguindo os passos de Madonna, ele se chama Sam Smith. Este ano, Madonna gravou a intrigante “Vulgar” com o jovem cantor e, para a “Celebration tour”, inseriu o refrão de “unholy” antes de “Like a prayer” A palavra descreve algo profano, mundano, a antítese de tudo o que representaria uma religião institucionalizada. Temas que são recorrentes no “mondo Madonna” desde os crucifixos usados pela diva nos anos 80. Os padres nunca gostaram muito. Alguns até a excomungaram. Mas ela não desiste do tema. O que Papa Francisco deve achar disso?

7. Meninos, eu vi!

Um dos momentos mais emocionantes da “Celebration tour” é quando Madonna canta “Live to tell”, faixa do álbum “True blue” *(1986). A cantora “voa” sobre a plateia dentro de uma estrutura quadrada enquanto os telões exibem imagens de amigos perdidos para a Aids, como Keith Haring. O tema surge mais de uma vez no show por um motivo: No final dos anos 80 e início dos 90, Madonna foi uma das poucas artistas pop a se posicionar abertamente em apoio à comunidade gay, que sofria de homofobia por conta da epidemia. Enquanto no Brasil houve quem evitasse dar um aperto de mãos em homossexuais, temendo uma contaminação, Madonna reforçava a naturalização das relações homoafetivas. Como diz o ditado popular, a rainha do pop já unia arte e política antes de virar modinha.

8. Madonna vai pelos ares

Falando em voos sobre a plateia, a tecnologia tem permitido resolver um dos maiores problemas dos grandes shows em estádios e arenas: a visibilidade do espetáculo. Até pouco tempo, a única possibilidade de enxergar mais de perto o ídolo eram os telões ao lado do palco. Agora, passarelas complexas avançam nas pistas, artistas “voam”, transitam por corredores no meio “da galera”, permitindo a experiência cada vez mais instagramável e desenhada para ser viralizada nas redes. Madonna entregou voos em “Live to tell”, “Ray of light”, entre outras faixas.

9. Too much information

Neste show, Madonna reutiliza um dos truques cênicos mais populares destes tempos em que a curva de atenção das audiências está cada vez mais curta. Entregar tantos estímulos visuais de maneira que nem tudo consiga ser percebido num único show. Foi a crítica da “Variety” que deu a dica: “Você pode assistir ao show meia dúzia de vezes e não conseguir enxergar tudo o que acontece”, diz Mark Sutherland. Para isso temos os vídeos. Especialmente os dos fãs, que mostram perspectivas diferentes do espetáculo.

10. Supermãe

Dias antes da estreia, Madonna foi vista na vernissage do filho Rocco Ritchie, que agora é artista plástico. É possível que alguém se lembre da participação do rapaz na turnê “MDNA”, em que ele aparecia dançando, especialmente no número final, “Celebration”. Nesta turnê, não deverá ser diferente. Lola e Ester já apareceram em “Vogue”. Mercy James tocou piano em “Bad girl”.

Aparentemente, a mamãe quer os filhos bem perto quando sai para trabalhar. Por essas e outras, ela não surpreendeu ninguém quando disse que os filhos foram “o primeiro pensamento” que teve ao acordar no hospital.

Em resumo…

Se tudo der certo, esta deverá ser uma das melhores turnês da carreira de Madonna. Seria a última? Poucos artistas tem um catálogo capaz de ser citado e reinventado tantas vezes quanto o da Material Girl. Este show de abertura parece confirmar as palavras de Lady Gaga ao falar sobre Madonna em entrevista ao DJ Zane Lowe no programa Beats 1, em 2016: “Madonna é a maior popstar de todos os tempos”.