Em expansão nos últimos anos, o mercado náutico brasileiro tem registrado crescimento superior a dois dígitos, sobretudo após a pandemia. Segundo a Associação Brasileira de Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), em 2020 o mercado de iates apresentou um crescimento de 25% em relação ao ano anterior e o ritmo se manteve nos anos de 2021 e 2022, onde o setor teve estimativa de faturamento de R$ 2,5 bilhões, impulsionando a geração de empregos e renda no país.
De uma forma mais ampla, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) estima que o mar gere R$ 2 trilhões por ano ao Brasil, o que representa 19% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste cálculo são levados em consideração a produção de petróleo e gás, a defesa, os portos brasileiros, o transporte marítimo, a indústria naval, a extração de minérios, além do petróleo, do turismo, da pesca, das festas populares ligadas ao mar e da culinária marinha.
Dávila Kess, CEO da Agência Immagine, especializada em Marketing Digital Náutico, frisa que o Brasil tem um forte potencial para a náutica, com seus mais de 8.000km de litoral, além de estaleiros nacionais produzindo algumas das embarcações mais desejadas do momento, movimentando o mesmo montante financeiro que o setor do agronegócio, entretanto a maioria dos negócios são invisíveis digitalmente.
“Neste aspecto, vale destacar, que muito mais do que divulgar sua própria marca, o uso das plataformas digitais, com a metodologia pensada para a náutica, minimiza a invisibilidade das marcas, permitindo o fortalecimento do setor com um todo. A ideia é potencializar este momento de aquecimento e conquistar espaço nacional e internacional, tanto no OFF como no ON”, destacou.
Velejadora e especialista em Processos e Produtos Criativos, Kess conheceu o setor durante a pandemia, momento de crescimento para o mercado náutico, o qual as pessoas perceberam a náutica como uma forma de vida ou de entretenimento mais segura, mantendo o isolamento.
Ainda segundo Kess, o desafio do setor é manter o ritmo de expansão pelos próximos anos, e para isso, velejadores e empresários precisam descobrir como posicionar suas marcas na maior vitrine atual, que são as redes sociais.
“É um público que em sua maioria não tem familiaridade com a plataforma. Estamos falando desde sites que não são atraentes, eventos importantes que não são divulgados, até a dificuldade na hora de criar conteúdo para as redes sociais, como as lives ou Reels”, explicou.
Pequenas mentorias podem ajudar a impulsionar os negócios na internet
Um levantamento realizado pelo IAB Brasil, entidade global que reúne as principais empresas do mercado digital, aponta que houve um crescimento de 7% no investimento em publicidade digital. Mas apesar desse número, Kess destaca que a grande dúvida dos empresários do setor náutico é por onde começar.
“Para quem é da naútica, posso dizer que introduzir o marketing na rotina da empresa vai gerar a mesma sensação que eu tive ao velejar na Baía de Guanabara, a 30 nós, sem nunca ter entrado em um barco antes. O resultado final é tão gratificante que você não quer mais parar. Mas primeiro você precisa entrar no barco”, apontou.
Na análise da CEO, há diversas tendências que podem ser seguidas, mas o primeiro passo é entender a personalidade de cada empresa, processo que deve acontecer envolvendo o empresário do setor náutico.
“Neste aspecto destacamos as mentorias de marketing, projetos com duração média de três meses, onde é possível direcionar as marcas para conquistar espaço na internet, com geração de conteúdo personalizado, humano, sustentável e consciente que represente a mesma essência que negócio já possui no seu dia a dia”, informou.
Empresário do setor há cerca de 4 anos, Marilan Ricardo, desenvolvedor do aplicativo Netuno, destaca que um grande desafio a ser superado pelo setor náutico é encontrar as ferramentas que auxiliem sobretudo na democratização do acesso à vela nacional.
“Sentimos um crescimento no mercado nos últimos dois anos, muito disso associado ao uso de novas ferramentas que conseguem conversar com o público, tanto no sentido de permitir novos negócios, como ajudando a expandir o acesso à vida no mar. Estamos falando desde uma maior participação dos profissionais do setor em redes sociais, à aplicativos que conseguem conectar todos os envolvidos neste ecossistema”, pontuou Ricardo.
Questionada se existe o momento ideal para dar este passo, Kess reforça que as empresas náuticas sabem bem como é difícil remar contra a maré: “A Baía de Todos os Santos, em Salvador, onde está localizada a sede da agência, possui um importante papel dentro da Amazônia Azul, um conceito político-estratégico que reforça o potencial de comércio do mar. Para se ter ideia, o ano de 2022 fechou com mais de 1,2 bilhão de toneladas, montante que representa a segunda maior movimentação da história portuária brasileira. Enquanto isso, o setor náutico ainda luta contra a invisibilidade digital. É uma realidade que precisa ser combatida, com a metodologia certa e pensada no propósito do setor”, conclui.
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