A Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), em parceria com a Frente Nacional dos Prefeitos, realizou, na noite desta terça-feira, 11/7, um grupo de discussão no Casarão da Inovação Cassina, no Centro. A iniciativa teve como objetivo principal discutir políticas de mobilidade urbana equitativas e sustentáveis, com especial enfoque nas questões de gênero, raça e segurança.
O encontro reuniu lideranças de movimentos voltados para os negros, indígenas, associações de bairros, líderes comunitários e representantes da sociedade civil. Na ocasião, foram debatidos temas sobre a forma como os modais de transportes são utilizados na cidade, linhas disponíveis para atender aos usuários e as condições da malha viária da cidade.
“Nós estamos acompanhando o grupo de trabalho da Frente Nacional dos Prefeitos neste diagnóstico da cidade, onde temos uma oficina com participação da comunidade e é importante ouvir os diferentes segmentos para que possamos entender o que cada um pode contribuir, apresentando os problemas do transporte coletivo. Depois, esse trabalho será compilado e apresentado ao IMMU, para que possamos implementar políticas voltadas às colocações abordadas nesse encontro”, informou o diretor-presidente do IMMU, Paulo Henrique Martins.
A iniciativa colocou em foco a urgência de integrar as perspectivas de gênero e raça no planejamento da mobilidade urbana. Diversas propostas foram apresentadas durante o evento, incluindo a necessidade de garantir maior segurança para mulheres dentro dos ônibus. Algumas pessoas puderam relatar experiências sofridas durante o uso do coletivo.
Para a assistente social Rosalina Maués, que passou por duas situações dentro dos coletivos, o momento para debater o tema é importante para que experiências sejam trocadas e medidas sejam aplicadas com a finalidade de evitar essas situações.
“Eu sofri um assalto, puseram uma arma na minha cabeça dentro de um ônibus, que me emociono muito quando lembro. Outra situação foi um homem que ficou atrás de mim, realizando movimentos simulando ato sexual que ao perceber, o interpelei e ele saiu correndo e desceu do ônibus. Então a gente pensa se a culpa é nossa, se a roupa que usamos nos faz acreditar que causa esses transtornos”, disse.
Os participantes do evento concordaram que as políticas de mobilidade urbana precisam ser planejadas com uma abordagem holística, considerando todos os segmentos da sociedade. “Esse encontro pioneiro marca um importante passo nessa direção, colocando Manaus na vanguarda das discussões sobre equidade na mobilidade urbana no Brasil”, enfatizou o presidente do IMMU.
Para a especialista em Mobilidade Urbana, ligada ao projeto AcessoCidades, Tainá Bitencourt, o grupo formado para discutir o tema proposto na oficina trouxe conhecimentos e experiências que puderam colaborar para que as informações sobre o transporte urbano possam ser analisadas e depois apresentadas ao órgão municipal, para avaliar e criar melhores condições para os usuários dos coletivos.
“Quando falamos em mobilidade urbana, é essencial falar em diversidades das pessoas, por isso é tão importante trazer as pessoas para abordarem e colaborarem com as suas experiências. Muito se falou em segurança nos coletivos, mas isso é um problema que a Secretaria de Estado de Segurança Pública tem que resolver e o IMMU é ciente dessas informações, mas temos que pensar que a partir do momento que as pessoas deixam de usar os coletivos por medo ou insegurança e passam a usar outros tipos de veículos para se locomover, isso já se torna um problema da mobilidade e temos que trabalhar para resolver”, disse Tainá.
A FNP elogiou a iniciativa de Manaus, destacando a importância de tais eventos na formação de políticas públicas. O resultado desses debates será para a formulação de políticas de mobilidade futuras em Manaus e em outras cidades do Brasil.
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