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Mães de coração: quando o amor não vem só do sangue

Foto: Arquivo Pessoal


Histórias reais em que a maternidade é gerada no lado esquerdo do peito


Em 1999, a analista de sistemas, Elândia Lopes, (53 anos), recebeu a ligação de sua cunhada que mudaria o rumo da sua vida. Um bebê que havia acabado de nascer e a mãe não teria condições de criar, a colocou à disposição para adoção imediata na maternidade. Elândia, que já era mãe de dois meninos, porém tinha um desejo enorme em ser mãe de uma menina, que se tornou real dias depois com a adoção da pequena Elânny.

“A bebê com três dias de vida, ainda na maternidade, onde a cunhada da mãe adotiva que estava em consulta médica na maternidade soube da história da criança e me ligou, eu fiquei muito ansiosa com a possibilidade de adotá-la. Dias depois, o meu celular tocou, e fui informada que a minha filha de coração finalmente viria para completar a minha vida. Senti algo explodindo dentro de mim. Eu era mãe de um bebê novamente. Mas… agora uma menina!!!”, relata.

Para ela, a decisão de adotar é oferecer a oportunidade de uma criança se sentir amada, respeitada e cuidada.

“Não se nega a oportunidade de uma criança em ser amada, cuidada, respeitada, de crescer ouvindo, eu te amo. Se Deus estava me dando essa oportunidade de amar e cuidar, como eu poderia dizer não? Eu faria tudo novamente, pois não consigo imaginar que uma criança recebe um não de quem pode lhe estender a mão”, conta.

“Adotar foi minha melhor decisão”

Aos 29 anos de idade, Elandia nunca havia pensado na possibilidade de ter uma filha adotiva, hoje, afirma que foi uma das melhores decisões que fez.

“Adotar foi a minha melhor decisão, ser mãe de um filho adotivo, ou filho do coração como alguns gostam de dizer, é esplendido, é gratificante. A sensação de adotar é de ternura, amor e proteção”, diz.

A analista desde muito cedo conversou com a filha sobre a adoção e sempre reafirmou, junto com a família, o amor e carinho por Elanny, apelidada de Riquinho Rico pela avó.

Em Manaus, o cenário de adoções é positivo até o momento. Apenas em 2021, foram 79 adoções, de janeiro a dezembro, já em 2022, esse dado aumentou para 114.

“Me alegra ver a família com os olhos brilhando”

Andrea Conceição Arruda Ribeiro Procópio, de 38 anos, já atua como enfermeira há 12 anos. Hoje, enfermeira na Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e coordenadora de Segurança do Paciente na Policlínica Codajás, se considera uma mãe de coração de vários pacientes.

“Me sinto lisonjeada com o carinho e a consideração de ser considerada uma mãe de coração. Me alegra ver a família com os olhos brilhando e os pacientes também a cada sinal de melhora”, conta.

Foto: Arquivo Pessoal

Mãe biológica de duas meninas, sem ninguém da área da saúde na família, Andrea decidiu seguir a profissão para cuidar da saúde da mãe e da avó materna, que já estavam envelhecendo.

A rotina de cuidados com os pacientes cria um laço de apego, quase como é de família, para ela, a relação entre paciente e enfermeiro e quase inevitável.

“Com toda certeza acabamos criando uma relação de afeto e carinho com nossos pacientes. Em 2014, atuava como enfermeira de home care então a relação de envolvimento com o paciente e a família era inevitável, principalmente com os idosos que sempre me remetem a lembrança e a saudade da minha avó”, relata.

 “Cada pessoa é única, e suas histórias e vivências também”

Nem sempre a adoção vem de fora de casa, como é a história do Jornalista Tiago Pinheiro de Souza, 26, que foi criado desde pequeno pela Dona Terezinha Oliveira Pinheiro, sua avó materna. A relação materna, começou em 1996, e sempre foi encarada com naturalidade e carinho pelo neto.

Foto: Arquivo Pessoal

“Tivemos a melhor relação possível e sempre encarei com muita naturalidade tê-la não só como avó, mas, como mãe-avó, nos momentos da minha infância e adolescência. Nos dávamos muito bem, e recordo diariamente alguma lembrança dela e os ensinamentos de sua criação”, diz Tiago

Tiago conta que guarda com carinho na lembrança o apoio que recebeu da avó ao iniciar os estudos em uma escola militarizada.

“Ela me deu bastante apoio e incentivo para que eu me sentisse confortável em um ambiente novo de estudos e principalmente ser alguém melhor como ser humano, e acredito que cumpri esse papel”, relembra.

Para Tiago, toda forma de amor é válida quando se trata de criação. “Penso que além de criar, prover, dar educação e assistência, Ser mãe é afeto, é amor, companheirismo e cuidado. Como um casulo, um porto seguro.”

Em 2021, aos 86 anos, Terezinha faleceu, mas deixou em Tiago lembranças de amor e carinho de mãe, de uma avó que assumiu com ele o compromisso da maternidade.

“A minha avó foi, é e sempre será a pessoa mais amável que eu poderia ter como referência de mãe”, relata.