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Presidente da Colômbia pede a renúncia de todo Gabinete

Foto: Bloomberg

O presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu a renúncia de todo o seu gabinete em meio às dificuldades que seu governo enfrenta para aprovar seus projetos de lei no Congresso. O pedido ainda não foi oficializado por Petro, mas um dia antes o presidente falou em “repensar o governo” no Twitter, após encerrar alianças com partidos tradicionais importantes para o sucesso de suas reformas.

Segundo as primeiras informações, o objetivo do presidente é reorganizar sua equipe e realocar alguns dirigentes.

Nas declarações — no mesmo dia em que Bogotá sediava uma a cúpula internacional sobre a crise da Venezuela — Petro enviou mensagens duras contra o Gabinete, contra o Congresso e contra os partidos políticos tradicionais que o acompanhavam desde 7 de agosto do ano passado, quando ele chegou ao poder apoiado por uma ampla coalizão.

— Como vamos fazer para cumprir o Acordo de Paz [com as Fac] se os instrumentos legais forem cortados pelo Congresso, contrariando o programa do Governo? — questionou o presidente durante uma visita a Zarzal, no Vale do Cauca. — Acho que o governo deveria declarar estado de emergência. Significa que dia e noite as equipes do governo estarão trabalhando em como baixar o preço dos alimentos, em como entregar a terra aos agricultores, em como ter mais alimentos plantados e, portanto, baixar os preços, porque este é um ponto fundamental da paz.

Depois, via Twitter, Petro declarou oficialmente morta a coligação com os partidos Liberal e Conservador, cujos dirigentes foram acusados de usar seu poder para ameaçar os congressistas que decidem apoiar as suas reformas, a começar pela da Saúde.

Petro havia formado um primeiro Gabinete com poucos nomes da esquerda que ajudaram a eleger o primeiro presidente progressista no país, optou por políticos de centro e direita ou acadêmicos como o economista José Antonio Ocampo (Partido Liberal), indicado para a pasta do Tesouro. Outros como Alfonso Prada (Interior) e Guillermo Reyes (Transportes) têm vínculos com os partidos que agora se opõem às reformas do governo.

Nas declarações, o chefe de Estado ainda criticou o ex-presidente Juan Manuel Santos, com quem mantinha boas relações e a quem chamou de “mentiroso” por ter enviado uma mensagem afirmando que o sistema de saúde da Colômbia poderia estar entre os melhores do mundo. Santos foi vencedor do Nobel da Paz em 2016, por seus esforços em encerrar o conflito armado com as extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

O pedido de renúncia acontece quase dois meses após a polêmica saída de Alejandro Gaviria do Ministério da Educação, por não estar de acordo com a reforma. Com Gaviria também deixaram o governo, por outros motivos María Isabel Urrutia (Esporte) e Patricia Ariza (Cultura).

Antes de chegar ao Ministério, Gaviria foi responsável pela pasta da Saúde (2012-2017), durante a gestão de Santos. Em seu novo cargo, questionou que a reforma da Saúde do governo excluiu as empresas privadas, que hoje operam o sistema de saúde, para entregar essa tarefa ao Estado.

O projeto da reforma da Saúde passou na terça-feira por um primeiro teste, quando foi aprovada a decisão de discutir o texto proposto pelo governo. Mas é apenas uma decisão inicial.

Com informações de O Globo.