Pancada forte na cabeça pode reativar vírus adormecidos no corpo

Um traumatismo poderia afetar o cérebro?
“Nos perguntamos o que aconteceria se submetêssemos o modelo de tecido cerebral a uma perturbação física, algo semelhante a uma concussão. O HSV-1 acordaria e iniciaria o processo de neurodegeneração?”, explica Dana Cairns, engenheira biomédica e líder do estudo. A resposta, segundo os experimentos, foi afirmativa.
Uma semana após a simulação de uma lesão, os mini cérebros apresentaram aglomerados de proteínas e emaranhados característicos de doenças como o Alzheimer.
Além disso, os pesquisadores observaram sinais de neuroinflamação, aumento de células imunes pró-inflamatórias e danos ao tecido cerebral.
Ligação entre HSV-1 e Alzheimer
O HSV-1 já é conhecido por seu papel como um dos fatores de risco para neurodegeneração. Estudos anteriores mostraram que o material genético do vírus está presente em 90% das placas de proteína em cérebros de pacientes com Alzheimer.
Agora, o novo estudo reforça a hipótese de que o traumatismo craniano pode ser um gatilho para a reativação do vírus, agravando o impacto no cérebro.
Os experimentos também indicaram que o efeito do traumatismo é mais pronunciado em cérebros jovens. Mini cérebros envelhecidos por apenas quatro semanas sofreram mais danos após a lesão do que aqueles com oito semanas, sugerindo que órgãos em desenvolvimento podem ser mais vulneráveis.
O impacto de lesões repetidas
Lesões repetidas, como as observadas em esportes de contato ou em acidentes, aumentaram ainda mais os danos cerebrais nos modelos estudados.
“Nossos resultados mostram que o traumatismo cranioencefálico causa a reativação do HSV-1 latente em nosso modelo cerebral 3D e que, se a lesão for repetida, o dano é muito maior do que após um único golpe”, destaca a equipe no artigo.
Caminhos para prevenção
Com base nos achados, os pesquisadores sugerem que tratamentos anti-inflamatórios e antivirais podem ajudar a diminuir os danos causados pelo traumatismo craniano.
“Estudos futuros devem investigar possíveis maneiras de prevenir a reativação do HSV-1 no cérebro, reduzindo assim o risco de desenvolver doenças neurodegenerativas”, propõem os autores.