Em documento protocolado na Casa Civil do governo estadual, profissionais de 15 cooperativas médicas comunicaram que a partir de amanhã (1/12) irão reduzir pois até o momento não há respostas da SES e Sefaz sobre solução efetiva para quitar os débitos pendentes
Médicos de 15 cooperativas que prestam serviços em unidades de saúde do Governo do Amazonas vão reduzir, de forma temporária, atendimentos não emergenciais como forma de protesto à falta de solução para pagamento de débitos pendentes desde julho de 2023. O documento foi protolocado na Casa Civil do estado no dia 29, quinta-feira.
O comunicado foi assinado pelas empresas médicas: Instituto de Tramato Ortopedia (ITO-AM), Clínica Neurocirúrgica do Amazonas (CNA), Sociedade de Pediatria Clínica (COOAP), Sociedade dos Pediatras (COOPED), Instituto Médico de Clínica e Pediatria (IMED), Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas (ICEA), Anestesiologistas Associados do AM (AAA), Cooperativa de Clínica Médica (COOPERCLIM), Cooperativa de Neonatologia (COOPANEO), Instituto de Ginecologia e Obstetrícia (IGOAM), Instituto de Neurocirurgia Endovascular (NEUROENDO), Eletrofisio, União Vascular de Serviços Médicos (Univasc), Sociedade Amazonense de Patologias Pediátricas (SAPP) e Cooperativa de Intensivistas (COOPATI).
Temendo represálias pela alta cúpula do governo, um profissional que preferiu não ser identificado, relatou ao Portal do Amazonas que a falta de pagamento das cooperativas médicas é apenas um dos problemas vividos por quem trabalha nas unidades geridas pela SES. Segundo ele, profissionais terceirizados da limpeza, serviços gerais e lavanderia estão há oito meses sem receber, falta insumos básicos para atendimentos ambulatoriais, alimentação para profissionais e acompanhantes e muitas vezes, médicos precisam compram materiais para os hospitais com recursos próprios, para não deixar de atender os pacientes.
Os aparelhos de hemodinâmica do Hospital Francisca Mendes, especializado em atendimentos e cirurgias para pacientes com cardiopatias, estão quebrados há mais de seis meses e por conta disso, três crianças seguem internadas esperando para fazer exames específicos na unidade.
“Estamos tentando avisar sobre um possível colapso faz tempo, assim como fizemos na crise do oxigênio, mas ninguém dá voz para gente. Das vezes que procuramos a SES, a resposta é que vão nos pagar mas não existe sequer um cronograma, uma previsão. No auge dos dias de fumaça em Manaus, trabalhamos sem ar condicionado em algumas unidades. Para piorar, o governo ainda resolve contratar de forma direta enfermeiros sem qualquer experiência para atuar em UTI. Pacientes de pré e pós operatório de cirurgia cardíaca, por exemplo, ou de cirurgia neurológica não são pacientes comuns, precisamos de profissionais qualificados.”
E as denúncias envolvendo descaso e falta de respeito com os profissionais e pacientes não param por aí . “Colocaram uma luz errada no centro cirúrgico de um dos hospitais que atendo, que estava queimando cirurgiões e pacientes. Muitos colegas estão saindo das empresas (de cooperativas) para atendimento particular para poder receber no fim do mês. Material básico pra atendimento nem sempre tem, muitas vezes a gente tira do próprio bolso. Outras vezes a farmácia avisa no dia que tal medicação acabou e sem previsão de retorno.”
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