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Transtorno Opositor Desafiador requer cuidado no diagnóstico

Carol Bitar, psicóloga e autora do livro "Socorro, tenho filhos", explica como esse transtorno se manifesta na infância e como melhorar os comportamentos desafiadores

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Saúde Mental e o artigo “Transtorno de Oposição Desafiante(TOD): Intervenção Cognitivo-comportamental, o Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) é caracterizado por um padrão frequente e persistente de humor raivoso e irritável, comportamentos contestadores com muita frequência e até mesmo vingativos. 

Os sintomas são de intensos comportamentos de oposição e dificuldade de lidar com regras que pode acontecer em um ou mais ambientes, normalmente são crianças que fazem mais birras, são agressivas em momentos de raiva e têm dificuldade de seguir regras e combinados. Contudo, é importante atenção e cuidado na hora de diagnosticar, pois nem toda criança que é opositora ou se irrita fácil apresenta o TOD.

Carol Bitar, que é psicóloga, especialista em comportamento e neurociência, além de autora do livro “Socorro, tenho filhos”, atua também com o público de crianças diagnosticadas com TOD há muitos anos. Segundo a psicóloga, esse transtorno sem tratamento adequado é um marcador para gerar muitos problemas nas relações entre pais e filhos ou nas interseções sociais da criança. Por isso a importância de além do tratamento com profissionais, psicólogo e psiquiatra, os pais saberem lidar bem no dia a dia, afinal, quem fica boa parte do tempo com a criança são os pais e estudos apontam melhora no quadro quando existe uma boa condução parental.

De acordo com a pesquisa Clinical Characteristics of Preschool Children with Oppositional Defiant Disorder and Callous-Unemotional Traits, os sintomas mais comuns são:

– Frequentemente perde a calma;

– Raivoso ou ressentido;

– Discussões diárias com pais, colegas de sala e professores;

– Hostilidade com tudo e todos;

– Pessimismo;

– Comportamento vingativo;

– Provocação em terceiros sem motivo aparente;

– Ataques de fúria;

– Predominância de agressividade;

“Para diferenciar o que é ou não transtorno, faz-se necessário entender o ambiente dessa criança, a rotina, a relação dela com seus pais e outros cuidadores principais, como são pais dessa criança e se ela está passando por algum sofrimento psicológico que justifique os comportamentos desafiadores que levam a suspeita do TOD”, diz a especialista.

Segundo a Carol, muitos pais de crianças com TOD se sentem cansados fisicamente e emocionalmente por lidarem com os frequentes embates com a criança na rotina. Muitos relatam que por conta da exaustão se sentem cada vez mais desmotivados na educação de seus filhos, pois já não sabem mais o que fazer.

Para a especialista, crianças com este transtorno se descontrolam muito fácil emocionalmente e se opõem a tudo que os pais pedem, então isso pode ser de fato muito desgastante para os cuidadores principais. Carol complementa dizendo que a família muitas vezes também precisa de suporte psicológico, a depender do caso, para conseguir de lidar com os com desafios de uma criança com TOD.

O TOD pode aparecer em outros lugares?

Sim, os comportamentos desafiadores e opositores do TOD podem aparecer em diversos ambientes diferentes. Carol Bitar diz que os comportamentos e sintomas do TOD podem ser apresentados em um ou mais ambientes, e quanto mais lugares a criança apresentar os comportamentos desafiantes, mais grave é o quadro do transtorno.

O que pode melhorar o comportamento desafiador de uma criança com TOD?

1- Rotina bem-organizada e estabelecida;

2- Regras e combinados claros com a criança;

3- Tempo de qualidade com o filho;

4- Acolhimento nas emoções mais intensas, mas, ao mesmo tempo, manter a firmeza nas decisões;

5- Dar liberdade para a criança fazer pequenas escolhas na rotina;

6- Reforçar as atitudes positivas;

7- Ensinar a criança maneiras assertivas de resolver conflitos ou problemas;

8- Ensinar formas da criança se autorregular nos momentos de raiva e frustração

9- Os pais darem o exemplo de controle emocional quando estão enfrentando desafios com a própria criança;

10- Usar estratégias de comunicação que favoreçam a cooperação e o cumprimento das atividades da rotina.