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Política

Chefe da inteligência da Receita no governo Bolsonaro esteve no Planalto na véspera de acesso a dados sigilosos

O ex-chefe da inteligência da Receita Federal Ricardo Pereira Feitosa esteve no Palácio do Planalto na véspera de consultas ilegais feitas em dados fiscais de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo registros de entrada na sede do Executivo, ele esteve no local no dia 9 de julho de 2019, às 13h47. Os acessos às informações sigilosas se deram no dia seguinte. Entre os alvos estavam o então procurador-geral de Justiça do Rio Eduardo Gussem, o ex-ministro Gustavo Bebianno e do empresário Paulo Marinho. Os três geravam incômodo ao então governo de Jair Bolsonaro.

A informação da entrada de Feitosa no Palácio do Planalto foi publicada pela “Folha de S. Paulo” e confirmada pelo GLOBO.

O ex-chefe da Receita também esteve no Planalto no dia 16 do mesmo mês, às 17h45m, após concluir o trabalho de coleta ilegal das informações. Nesse dia, ele consultou informações da mulher de Paulo Marinho, Adriana Marinho. Segundo a “Folha de S. Paulo”, planilha mostra que havia uma agenda no gabinete de Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Ao jornal, Heleno afirmou que nunca teve conhecimento de acessos ilegais na Receita. Ele disse que o encontro registrado com Feitosa teria sido uma visita de cortesia.

— Não me lembro dele nem do que o teria levado ao meu gabinete. Pode ter sido recebido por qualquer dos meus adjuntos — disse à “Folha”.

Na terça-feira da semana passada, o corregedor da Receita, João José Tafner, pediu exoneração do cargo. O mandato só terminaria em fevereiro de 2025.

Segundo a “Folha de S.Paulo”, Tafner teria sofrido pressão do então secretário da Receita Julio Cesar Vieira Gomes, e do então subsecretário-geral, José de Assis Ferraz Neto, para não apurar as denúncias relacionadas a Feitosa.

Um processo administrativo apura se o chefe da inteligência vasculhou e copiou informações relativas a adversários do governo. No procedimento interno em questão, Tafner sugere que Feitosa seja demitido. A decisão final cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já sinalizou que vai aceitar a recomendação.

De O Globo.